JESUS
ENSINA-NOS A REZAR
A liturgia deste
domingo nos apresenta a oração como canal importante da nossa relação e
comunicação com Deus. A oração se contrapõe aos nossos pecados, que nos fazem
viver afastados do Senhor.
A Primeira leitura de
hoje fala da oração que Abraão fez intercedendo a Deus por Sodoma e Gomorra. O
pedido de Abraão a Deus refletia o medo que ele tinha de Deus não fazer a coisa
certa, tinha medo que Deus cometesse alguma injustiça sobre algum justo. O
pecado do povo, que merecia castigo era o pecado da falta de acolhimento e
falta de respeito sexual com os estrangeiros. Aquele povo além de não acolher
quem era estrangeiro, e portanto, desprotegido e carente de acolhida, também
tentou praticar a exploração, abusando de quem necessitava de proteção. Eis porque, diante da ira de Deus contra esses
pecados, Abraão intervém, pedindo clemência e misericórdia de Deus. Ao final da
“negociação” conclui-se que não havia nenhuma justo no meio daquele povo. Esse
fato do Antigo Testamento contrapõe-se com Jesus, no Novo Testamento, o único
justo que, diante de Deus, justifica todos os injustos.
Na segunda leitura, São
Paulo nos lembra que nossos pecados são todos saldados por Cristo. Nossa dívida
foi paga por ele. Jesus é o penhor de nossas faltas. Em Cristo, Deus eliminou a
nossa conta, a nossa culpa.
No evangelho de hoje,
os discípulos encontram Jesus em oração. A atitude de Jesus estimula os
discípulos a pedi-lo que os ensine a fazer a mesma coisa. Certamente, os discípulos
notavam algo diferente em Jesus depois que rezava. E eles insistem no
ensinamento dessa relação. Jesus ensina, pois, aquela que se tornou a oração
mais rezada de toda a Igreja, de todos os cristãos: o Pai Nosso. É a grande
prece da família cristã. Nela, reconhecemos a Deus como Pai amoroso que está
atento aos seus filhos e pronto para atender-lhes nas suas necessidades.
Neste evangelho de
Lucas, a oração do Pai Nosso consta 5 preces: seja santificado o Teu nome;
venha o Teu Reino; dá-nos o pão cotidiano; perdoa os nossos pecados e, não nos
deixe cair em tentação. Pedir é
estabelecer uma relação de confiança, mas ao mesmo tempo de humildade. Somente
pede aquele que sente necessidade, aquele que sente que não pode tudo e que
depende do outro. Ao mesmo tempo, pedir é uma relação de quem acredita que o
outro pode nos fazer o bem, atender e entender a nossa necessidade. Quem pede a
Deus, pede pedindo, isto é, não pede mandando ou exigindo, ao menos não deve.
Depois, ainda que entendamos que Deus “deveria ou poderia” realizar o que
estamos necessitando, devemos entender também que Deus é soberano e poderoso
para compreender o que realmente precisamos e merecemos. Como uma criança que
pede aos pais tantas coisas e nem sempre os mesmos realizam aquilo que se pede,
porque julgam fazer somente aquilo que é o melhor para os seus filhos,
imaginamos que Deus também, faz somente aquilo que entende que seja o melhor
para nós. Ter um espírito de criança no momento que pedimos alguma coisa a
Deus, é um comportamento importante para nós adultos quando ousamos pedir a Ele
alguma coisa.
Jesus nos lembra,
através do evangelho escrito por Lucas, que a insistência é uma coisa boa,
apesar de chata, para se obter alguma coisa. Não podemos esquecer que
insistência significa perseverança. É desejo de Jesus que sejamos perseverantes
na oração. A insistência nos coloca em sintonia com a nossa necessidade e a
compreensão do poder de Deus. Ele é um Pai que pode tudo, que pode nos ajudar,
que pode cuidar de nós para sermos felizes. Insistência é também gesto de
humildade que não dispensa a ajuda d’Aquele que tudo pode.
Ao final do diálogo com
seus discípulos, Jesus lembra da bondade de Deus em contraposição com a nossa
pequenez e as nossas maldades. Se os homens que são egoístas, são maus, são
pecadores sabem fazer coisas boas para seus filhos, quanto mais o Pai que é, incomparavelmente,
bom. Deus é um pai que dá os seus dons aos seus filhos, ou melhor, Deus dá
aquele que é a fonte de todos os dons, o Espírito Santo. Quem tem a fonte dos
DONS, não lhe pode faltar nada. Deus é, portanto, aquele que deseja que não
falte nada aos seus filhos.
Pe. Nicivaldo de
Oliveira Evangelista