O Conselho Episcopal Pastoral
(CONSEP), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em
Brasília-DF, nos dias 22 e 23 de novembro de 2016, manifesta inquietação face a
Medida Provisória 746/16 que trata da reforma do Ensino Médio, em tramitação no
Congresso Nacional.
Segundo o poder executivo, a MP
746/16 é uma proposta para a superação das reconhecidas fragilidades do Ensino
Médio brasileiro. Sabe-se que o modelo atual, não prepara os estudantes para os
desafios da contemporaneidade. Assim, são louváveis iniciativas que busquem
refletir, debater e aprimorar essa realidade.
Contudo, assim como outras propostas
recentes, também essa sofre os limites de uma busca apressada de solução.
Questão tão nobre quanto a Educação não pode se limitar à reforma do Ensino
Médio. Antes, requer amplo debate com a sociedade organizada, particularmente
com o mundo da educação. É a melhor forma de legitimação para medidas tão
fundamentais.
Toda a vez que um processo dessa
grandeza ignora a sociedade civil como interlocutora, ele se desqualifica. É
inadequado e abusivo que esse assunto seja tratado através de uma Medida
Provisória.
A educação deve formar integralmente
o ser humano. O foco das escolas não pode estar apenas em um saber tecnológico
e instrumental. Há que se contemplar igualmente as dimensões ética, estética,
religiosa, política e social. A escola é um dos ambientes educativos no qual se
cresce e se aprende a viver. Ela não amplia apenas a dimensão intelectual, mas
todas as dimensões do ser humano, na busca do sentido da vida. Afinal, que tipo
de homem e de mulher essa Medida Provisória vislumbra?
Em um contexto de crise ética como o
atual, é um contrassenso propor uma medida que intenta preparar para o mercado
e não para a cidadania. Dizer que disciplinas como filosofia, sociologia,
educação física, artes e música são opcionais na formação do ser humano é
apostar em um modelo formativo tecnicista que favorece a lógica do mercado e
não o desenvolvimento integral da pessoa e da sociedade.
Quando a sociedade não é ouvida ela
se faz ouvir. No caso da MP 746/16, os estudantes reclamaram seu protagonismo.
Os professores, já penalizados por baixos salários, também foram ignorados.
Estes são sinais claros da surdez social das instâncias competentes.
Conclamamos a sociedade,
particularmente os estudantes e suas famílias, a não se deixar vencer pelo
clima de apatia e resignação. É fundamental a participação popular pacífica na
busca de soluções, sempre respeitando a pessoa e o patrimônio público. A falta
de criticidade com relação a essa questão trará sérias consequências para a
vida democrática da sociedade.
Nossa Senhora Aparecida, padroeira do
Brasil, interceda por nós.
Brasília, 23 de novembro de 2016.
Dom Murilo S. R.
Krieger, SCJ
Arcebispo de São Salvador da Bahia
Presidente em Exercicio da CNBB
Arcebispo de São Salvador da Bahia
Presidente em Exercicio da CNBB
Dom Guilherme A.
Werlang, MSF
Bispo de Ipamerí
Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade da Justiça e da Paz
Bispo de Ipamerí
Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade da Justiça e da Paz
Dom Leonardo Ulrich
Steiner, OFM
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
Fonte: www.cnbb.org.br