“Salve, ó Santa Mãe de Deus,
vós destes à luz o Rei
que governa o céu e a terra
pelos séculos eternos”
(Antífona da Entrada).
Leituras:
Nm 6, 22-27 / Sl 66 (67) / Gl 4, 4-7 / Lc 2, 16-21
Vivendo as alegrias da Oitava do Natal e do início esperançoso de um novo ano civil, continuemos a contemplar o extasiante Mistério da Encarnação de Deus feito homem, nascido de uma mulher, a Bem-aventurada sempre Virgem Maria, que, por sua maternidade, torna-se Mãe de Deus.
Em dois Concílios importantes da
história da nossa Igreja, Niceia (325) e Constantinopla (381), perante heresias
que tentavam negar a divindade de Jesus, foi definido o mistério da sua
consubstancialidade, ou seja, que Jesus Cristo, nascido de Maria, é
verdadeiramente Deus (da mesma substância do Pai), sendo também verdadeiramente
homem (a mesma natureza de Maria). Maria foi declarada, portanto, num Concílio
posterior (Éfeso, 431), “Theotokos”, que, em grego, significa Mãe de Deus. Essa
declaração originou a solenidade de hoje.
Evidencia-se também hoje o Nome dado ao
filho de Maria: “Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do
menino, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser
concebido” (Evangelho). O nome, na cultura semita, é como a carteira de
identidade da pessoa. Indica a missão que ela irá desempenhar. O nome Jesus
significa “Deus salva”. “Portanto, tudo o que Deus quis dizer e fazer em
benefício da humanidade encontra sua plena realização na vida de Jesus.
Nascendo nas mesmas condições dos pobres e excluídos, dando-se a conhecer a
eles, Jesus é a prova definitiva da solidariedade de Deus” (CNBB, Roteiros
Homiléticos).
Importa acolher essa salvação com
humildade e abertura de coração. Como os pastores, que, às pressas foram a
Belém e encontraram o “sinal de sempre para encontrar Jesus” (Papa Francisco):
um recém-nascido deitado numa manjedoura; Ou como Maria, sensível aos planos de
Deus, que interpretando sua ação nos acontecimentos obscuros da vida, “guardava
todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração” (Lc 2,19).
São Paulo, escrevendo aos gálatas (2ª
leitura), fala exatamente de nossa participação na imensa graça redentora de
Jesus, ao nascer de Maria, como qualquer um de nós (nascido de uma mulher,
sujeito à lei) para nos elevar e nos tornar também filhos de Deus – filhos no
Filho. Somos, portanto, herdeiros de Deus, de suas promessas, de sua salvação.
Podemos, pelo Espírito do Filho, chamá-lo, carinhosa e afetuosamente, de nosso
Pai. Todas as bênçãos de tão bondoso e apaixonado Pai nos estão reservadas.
Bênção é o tema da 1ª leitura (Números).
Bênção é o que almejamos neste início de Ano Novo. “’Abençoar’, na cultura de
Israel, é desejar todo tipo de bem, seja material, sentimental, social, espiritual.
‘Guardar’ se refere à proteção de Deus (O Senhor te abençoe e te guarde! – v.
24). ‘Fazer resplandecer a face’ (v.25) tem o sentido de lançar um olhar
favorável. ‘Mostrar a face’ (v.26) diz respeito à atenção fixada em alguém com
propósito benevolente”. Por fim, a importante súplica da paz (shalom). Em
hebraico, shalom significa muito mais que a ausência de conflitos. Inclui todo
tipo de bem-estar, dentre os quais a salvação. (CNBB, Roteiros Homiléticos). A
paz está no meio de nós. É Jesus, o Salvador, filho de Deus e de Maria.
Acolhamo-lo.
Pe. Weverson Almeida Santos