2º Domingo da Quaresma – ANO A

LEITURAS:
Gn 12,1-4ª
SALMO 32 (33)
2 Tim 1,8b-10
Mt 17,1-9

“Tendo predito aos discípulos a própria morte, Jesus lhes mostra, na montanha sagrada, todo seu esplendor. E com o testemunho da Lei e dos Profetas, simbolizados em Moisés e Elias, nos ensina que, pela paixão e cruz, chegará à glória da Ressurreição”.   
No Segundo Domingo da Quaresma, tempo de penitência e reconciliação dos homens com Deus e com os irmãos, Jesus nos convida a subirmos a montanha com Ele e fazermos a experiência de reconhecê-Lo como Filho de Deus e a escutar e guardar seus ensinamentos. O seguimento a Jesus, passa pela cruz e pela morte. Não podemos negligenciar, ficando em uma atitude de conforto, mas devemos ser corajosos e persistir no testemunho de Jesus Cristo, participando dos seus sofrimentos pela causa do Evangelho. 
A Liturgia deste Domingo nos mostra uma linha histórica que abarca toda a tradição do Antigo e Novo Testamento: na primeira leitura vemos a figura de Abraão, pai de todo povo escolhido, no qual Deus coloca sua afeição e sua paternidade, por ser fiel e obediente; Moisés e Elias, representantes da Lei e da Profecia, as duas fontes que o Antigo Testamento tinha para seguir a Deus. Jesus vem atualizar e ampliar a Aliança de Deus com o seu povo.Sua Transfiguração é sinal de glória que culminará na ressurreição. Pedro, Thiago e João são aqueles que estarão junto com Jesus nos momentos “difíceis”, com suas limitações humanas e fraquezas.Podemos assim perceber as nossas limitações e, a exemplo dos discípulos, tentar superá-las.
O Evangelho de Mateus nos mostra vários elementos simbólicos muito significativos e um deles é a montanha. Jesus sobe a uma alta montanha com Pedro, Thiago e João onde irão participar da experiência mística nunca vista. A montanha é o lugar do encontro com Deus.A grande Aliança com o povo acontece no alto do Sinai, e as tábuas da Lei eram o sinal visível do pacto de Deus com seu povo: “Eu serei o vosso Deus e vós sereis o meu Povo” (Lv 26,12). Jesus está caminhando para o cumprimento pleno desta Aliança entre Deus e o povo, “nova e eterna Aliança”, não mais gravadas em pedras, mas escrita no coração de cada homem e mulher que aceita e abraça essa proposta.
Podemos também destacar, como nos diz a Primeira Leitura, contando a história de Abraão, o chamado divino. Deus chama a Abraão e ele obedece. Deus é quem chama. Na história humana, há sempre um chamado de Deus, onde somos convidados a escutar e a responder; No Evangelho somos chamados a Escutar: “Este é meu Filho amado, nele está o meu pleno agrado: Escutai-o!” Deus nos dá todos os sentidos para percebermos a sua Voz. Abraão, por primeiro, escutou-O.Agora, Deus fala a cada um de nós.Temos que confiar plenamente, respondendo sempre com amor e assumindo o compromisso segundo o testemunho de Cristo.
Hoje podemos perceber que a história de Abraão e o caminho do calvário nos acompanham em nossas vidas. Não é fácil obedecer a vontade de Deus ou mesmo compreendê-la, pois requer renuncias.É preciso, à luz de Cristo, olhar quão belo é o caminho da vida que triunfa sobre a morte. A cena da Transfiguração é a glória que passa pelo pedágio da cruz, é sinal antecipado da ressurreição. Mais tarde, São Paulo dirá: “Os sofrimentos da vida presente não tem comparação alguma com a glória futura que manifestará em nós” (Rm 8,18). Esse é o caminho: Cristo caminha conosco, faz-se nosso caminho e é nele que caminhamos.
Sem. Pablo Dourado