“LIVRAMENTO SOIS NOSSO, OH MARIA!”


Transbordantes de alegria, mais uma vez, fiéis lotaram a praça Dom Hélio Paschoal, para entoarem louvores a Deus, no dia da festa da padroeira, Nossa Senhora do Livramento. Há mais de 300 anos estas terras do sertão foram entregues à proteção da Virgem Maria e, posteriormente, Paulo VI entregou a nova Diocese de Livramento à proteção de Maria. Passados tantos anos, a fé do povo não desvanece, mas se renova, buscando em Maria a força necessária para seguir os passos de Jesus.
A solenidade litúrgica da Assunção de Maria é momento propício de encontro com Cristo e com os irmãos, onde todos se reúnem em torno da mesa da Palavra e da Eucaristia. Celebrar a Assunção de Maria é celebrar a sua ressurreição, confiantes de que, um dia, também nós alcançaremos a glória que Maria alcançou no céu. Aquela que teve o privilégio de carregar Jesus em seu ventre e conduzi-lo pelas vias terrestres, tem a graça de ser gerada pelo próprio Cristo para a vida eterna e ser conduzida por Ele pelas vias celestes.
Na Primeira Carta aos Coríntios nos é afirmado que “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. […] Em Adão todos morrem, […] em Cristo todos reviverão. Porém, cada qual segundo uma ordem determinada: Em primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda” (1Cor 15, 20-23). Aqui, podemos nos perguntar: quem mais pertence a Cristo por ocasião de sua vinda? Sim! É Maria, a Mãe de Jesus! Aquela que antes de o gerar no ventre já o concebia no coração, através da meditação e da prática da Sagrada Escritura.
Somos convidados a ser, como Maria, Arca da Aliança; não mais da antiga, mas da Nova Aliança, que é o próprio Cristo. Quando Maria visita Isabel, João Batista e Isabel ficam cheios do Espírito Santo, porque Maria carrega em si Aquele que tem a plenitude do Espírito. Quão bom seria se em nossa atuação, em nossas visitas, em nossos gestos, nossos irmãos sentissem a presença do Senhor, e pudessem saltar de alegria, por sentir que somos templos de Deus. Melhor ainda se, diante de tal acontecimento, não nos tornássemos presunçosos, mas percebéssemos que Deus habita na humildade. Se somos exaltados não é por nossos méritos, mas pela Graça do Senhor.
No dia 15 de agosto o sol sempre brilha forte, talvez para nos lembrar a mulher do Apocalipse, que resplandece vestida de sol. Maria representa a Igreja, que é vestida de Cristo. Embora sejam grandes as dificuldades que enfrentamos em nossas vidas, somos recordados que, em Cristo, somos vencedores. Essa vitória não se dará apenas num futuro distante, mas já pode ser vivenciada em nosso meio, através da fé, pois a fé é um modo de já possuir aquilo que se espera (Hb 11,1). Maria é mulher de fé, por isso Isabel exclama: “Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido, o que o Senhor lhe prometeu” (Lc 1, 45).

Perante as dificuldades da vida, Maria permaneceu firme na fé, conservando a esperança e a confiança. As vicissitudes foram muitas: incompreensão na gravidez, o nascimento de Jesus em lugar inóspito, a fuga para o Egito, a profecia da espada, a perca do Filho, o caminho para o Calvário, a crucifixão e morte do amado Filho. Mas, em tudo isso, Maria permaneceu firme na fé, permaneceu de pé e por isso alcançou as promessas de Deus. Maria contempla a ressurreição do seu Filho e é gerada por Ele para a eternidade.
Enquanto aguardamos a nossa hora, o momento onde nosso “ser mortal estiver vestido de imortalidade” (1Cor 15,54), perseveremos firmes na fé, aguardando o cumprimento da Escritura. E, permanecendo firmes na esperança e na caridade, tenhamos por certo que, no céu, nós temos uma grande intercessora: Maria. Ela reza por nós; ela reza conosco. Continuemos a clamar com convicção: “Livramento sois nosso, oh Maria!” Pois aquela que deu o livramento ao Sol da Justiça é também o nosso livramento e, através de Jesus Cristo, nos conduz para a geração de homens e mulheres novos, porque ela é Mãe da Igreja que nos acolhe e gera como filhos. Que olhando para Maria, possamos contemplar a glória da realidade que não se vê, mas que nos espera. Que possamos ser bem-aventurados por acreditar.

Diác. Júlio Cesar