3º Domingo do Tempo Comum – Ano A

“Eles imediatamente deixaram as redes e o seguiram” (Mt 4,20)

Leituras:
    Is 8,23b-9,3
    Sl 26
    1Cor 1,10-13.17
    Mt 4,12-23

Colocar-se a caminho de Jesus na Igreja não é o resultado de sentimentos e emoções. Não se torna cristão por uma experiência momentânea. A conversão não é imediata, automática. A conversão é fruto do arrependimento, do esforço para mudar a mentalidade e assumir uma nova postura de vida.

O encontro decisivo com Jesus não nasce de uma curiosidade ou necessidade momentânea. O modo como ele se aproxima é atraente. Jesus toma a iniciativa de ir ao encontro, de vir ao nosso encontro. No contato com os seus discípulos o Mestre Jesus vai além de um relacionamento comum. A sua iniciativa ao ver e chamar os primeiros discípulos confirma a intensidade da sua proposta. Para acolher a Boa Nova do Reino é preciso mudar de vida.

O convite de Jesus para os irmãos Pedro e André, Tiago e João, não é um convite para causar fama, mas uma proposta de seguimento radical que requer discernimento a fim de uma resposta decisiva. A obediência e a radicalidade da reposta positiva dos discípulos ao chamado de Jesus não indicam uma atitude momentânea carregada de sentimentos eufóricos. De alguma forma, o jeito de Jesus e a sua abertura para a missão mudaram a mentalidade dos discípulos. Por isso, “eles imediatamente deixaram as redes e o seguiram” (Mt 4,20).

No deslocamento de Jesus para Cafarnaum, de alguma forma, confirma-se a abertura missionária do seu ministério. O anúncio do Evangelho não tem limites. Sua força esclarecedora pretende iluminar mentes e corações, despertando nova postura para maior adesão à mensagem proclamada. A Galileia, considerada um lugar atrasado, desprezado pelas autoridades religiosas judaicas em Jerusalém, era um lugar onde viviam muitos que não eram judeus. O chamado de Jesus não é apenas para os judeus, mas para todos os que estão abertos a ouvir a Boa Nova por ele proclamada.

Ao chamar pescadores para ajudá-lo nessa grande obra Jesus caracteriza o estilo do seu ministério. Não se trata de querer prender as pessoas nas redes de uma doutrina pesada, mas sim de motivar os discípulos que agora entram no barco (imagem da Igreja) a romper o medo e se lançar pelo imenso mar a fim de pescar novos peixes. Aqui podemos refletir sobre nosso jeito de ser Igreja. Não podemos reduzir a vivência da nossa fé aos momentos que estamos dentro de uma igreja nem ao egoísmo de cultivar uma fé intimista. A abertura missionária para fazer novos discípulos é uma característica do nosso Batismo. E a vivência dos valores da fé no dia a dia é um modo de testemunhar nosso vínculo com Jesus.

Aqui temos o fundamento essencial e duradouro para a Igreja. Quem escuta a Boa Nova de Jesus não pode guardá-la só para si. O Evangelho é o próprio Jesus, a luz que veio iluminar os que ainda vivem nas sombras e nas trevas. Sejamos, portanto, reflexos da luz de Jesus. Quantas vezes a luz de Jesus nos despertou para uma vida nova?

Aquilo que nos torna melhores não fará melhor também a vida dos outros? Por que ainda não temos a audácia e a coragem dos primeiros discípulos em testemunhar abertamente nossa fé em Jesus? Ele é o mestre e nós somos seus discípulos. “Para o discípulo basta ser como seu mestre” (Mt 10,25). Como Jesus não limitou a Boa Nova do Reino aos judeus também nós não podemos sufocar o Evangelho nas estruturas pastorais de nossas comunidades. Vamos, então, mostrar com a nossa vida que somos felizes por pertencer à família dos discípulos missionários de Jesus. Busquemos imitá-lo com nossa vida, palavras e gestos.

Pe. Marcos Bento