Leituras:
Atos 12,1-11;
Salmo: 33/34; 2 Tm 4,6-8.17-18;
Mateus 16, 13-19.
Hoje
celebramos a solenidade litúrgica do martírio dos apóstolos Pedro e Paulo “que
nos deram as primícias da fé” (Oração). Pedro,
“o primeiro a proclamar a fé, fundou a Igreja primitiva sobre a herança de
Israel; Paulo, mestre e doutor das nações, anunciou-lhes o Evangelho da
Salvação” (Prefácio).
A Igreja celebra com especial solenidade os
dois grandes apóstolos porque vê neles o referencial e como que a síntese da fé
e do testemunho que é chamada a dar ao longo de sua caminhada.
O
anúncio da fé se resume na afirmação de Pedro: Tu és o Messias, o Filho de Deus (Evangelho). Porém, não basta reconhecer Jesus ‘de boca’, é preciso
fazê-lo com o testemunho da vida! Pedro demorará para entender isso; conseguirá só
depois de passar pela duríssima experiência de ver Jesus rejeitado e
crucificado e, ainda mais, quando a força do Espírito o tornará capaz de ser
testemunha verdadeira e corajosa de Jesus de Nazaré (cf. At 2, 14-36). Então, o
mesmo Pedro, tão frágil e vil, depois que assumiu ser verdadeiro missionário da
Boa Nova, está disposto a tudo; a presença libertadora do seu amado Senhor se torna
tão forte que não teme nem a perseguição nem a cadeia. Ele sabe que Jesus não o
abandona e pode afirmar: “agora sei que o Senhor enviou o seu anjo para me
libertar” (I leitura).
O
testemunho de Paulo é da mesma fé, apesar de ter vivido uma experiência de vida
bem diferente. Ele, o fariseu fiel e zeloso, o convertido que Jesus derrubou
enquanto estava a caminho de Damasco para prender os cristãos, chegando ao fim
de seus dias, pode afirmar com sinceridade: Combati
o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. Ele também reconhece: o Senhor esteve a meu lado e me deu
forças...O Senhor me libertará de todo mal e me salvará... (II
leitura).
A fé
e a força do martírio não foi-lhes dada por capacidades humanas. A Pedro não foi um ser humano que revelou a
identidade de Jesus, mas o Pai que está
no céu (cf. Mt 16,17). Do mesmo jeito foi Jesus que revelou a Paulo quem
era Aquele a quem perseguia (cf. At
9,5).
A fé
dos apóstolos é a fé da Igreja “una, santa, católica e apostólica”. Desde a
confissão de Pedro em Cesareia de Filipe, “a todo dia na Igreja, Pedro continua
dizendo: Tu és o Cristo, o Filho do Deus
vivo” (São Leão Magno). Desde então, até aos nossos dias, uma multidão de
cristãos, em todas as épocas e culturas, e em todos os lugares do mundo
proclamou e proclama a mesma fé em Cristo morto e ressuscitado, Senhor da
história.
Através
do Batismo e da Crisma nós também fomos enxertados na construção da Igreja que
tem Jesus como alicerce e os grandes apóstolos quais colunas. Nós também, com a
mesma vocação e com a mesma força do Espírito, somos chamados a sermos testemunhas do Evangelho da Graça e do
Amor.
Na oração depois da Comunhão pediremos ao
Pai que “perseverando na fração do pão e na doutrina dos apóstolos, e
enraizados no seu amor, sejamos um só coração e uma só alma”.
Está
fé, sólida e corajosa, que se torna testemunho, hoje devemos renovar. Estamos
celebrando o “ano da fé’; oportunidade preciosa para que, de maneria mais
sincera e autêntica, procuremos rever e renovar o nosso ‘sim’ ao chamado de
Deus em Cristo Jesus e sejamos, com a ajuda e o ensinamento dos apóstolos,
verdadeiros ‘discípulos missionários’ do Evangelho.
Perguntemo-nos:
1.
Como estamos vivendo e testemunhando a nossa fé? Estamos disponíveis a fazer
alguma renúncia para seguirmos Jesus?
2.
Quais dificuldades encontramos na caminhada da fé? Como procuramos superá-las?
3. O
que deveríamos ser e fazer para sermos mais coerentes com a fé que professamos?
Dom Armando
Bispo Diocesano