DOMINGO XXIII do Tempo Comum

Sabedoria 9,13-19 (gr. 13-8b),
Filêmon 9b-10.12-17,
Lucas 14,25-33

Jesus está seguindo viagem rumo a Jerusalém. Caminha decidido à frente dos discípulos. Uma grande multidão, observa o evangelista Lucas, pouco a pouco, foi se ajuntando. Quem sabe quais expectativas tina cada pessoa para seguir a Jesus!  Por isso, eis que, falando a todos, Jesus diz que não quer seguidores por interesse ou por motivações ambíguas; para segui-lo é preciso fazer escolhas exclusivas, sem mais ou menos. Para segui-Lo Ele pede ser posto acima de qualquer afeto humano, de todo bem material e até de si próprio... e carregar a cruz.
Falando assim, Jesus se coloca na mesma altura do Pai. “Amarás Deus acima de tudo”, afirma o I mandamento. Portanto, aos seus seguidores Jesus diz: ‘reflitam bem antes de fazer a escolha de discípulos meus; não comecem o caminho de maneira superficial, para não se arrepender depois!
Logo as palavras de Jesus nos questionam: por que pretendemos seguir a Jesus? O que procuramos n’Ele? A ‘propaganda’ que Ele mesmo faz do seu projeto de vida, não é das... melhores e das mais cativantes! Pede para entrar com o coração transparente em sua proposta de vida e, ainda mais, refletir bastante sobre o sentido que queremos dar à vida, para seguir a Jesus custe o que custar. Para isso, devemos avaliar as propostas do ‘mundo’, não com desprezo, mas em atitude crítica. “Não se pode seguir dois senhores”!
Deixar para escolher: dois momentos de um mesmo ato de amor. De fato, somente um grande amor pode conduzir uma pessoa pelo caminho da renúncia e de uma escolha tão exigente. Mas, quem experimentou a beleza dessa escolha e a intensidade de vida que nela se encontra, quem compreendeu - ao menos um pouco - quem é Jesus e ficou fascinado pela sua pessoa e a sua proposta de vida... este, sim, terá força para dar passos sem medo, com entusiasmo.
A verdadeira sabedoria – ensina a I leitura – consiste em conhecer os projetos de Deus e isso se torna possível somente com a luz que vem do Alto. Podemos seguir a Jesus somente com a luz e a força do divino Espírito: ‘sem mim vocês nada podem fazer’!
Exemplo de sabedora divina é a de Paulo que escreve ao discípulo Filêmon (II leitura) um breve bilhete pedindo-lhe para justificar a fuga de Onésimo, escravo dele, que tinha fugido e procurado auxílio junto a Paulo. O apóstolo manda de volta Onésimo, mas recomenda a Filêmon que o acolha não mais como um escravo, mas como irmão. De fato, quem encontrou Jesus vive novas relações com os demais e já não existe mais escravo ou livre; em Cristo nos tornamos uma só família de irmãos. Eis a novidade de vida que dá novo sentido aos nossos dias. Por isso, vale a pena seguir a Jesus; a vida adquire horizontes de esperança e de plenitude. O que se renuncia é bem pouco em comparação com o que d’Ele recebemos.
Para nós alguns questionamentos: já saboreamos a beleza de seguir a Jesus? Encontramos n’Ele razões mais verdadeiras para dar um rumo diferente  à nossa vida? A que já renunciamos para segui-Lo? A que deveríamos renunciar com maior entusiasmo e convicção?

Dom Armando, bispo diocesano.