1 ª
Leitura: Ex 17, 8-13
Salmo
120
2ª
Leitura: 2Tm 3,14-4,2
Evangelho: Lc
18, 1-8
“Mas, o Filho do Homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé
sobre a terra?”
Nosso Mestre e Senhor
ensina-nos o valor da oração e quão necessitados somos de estar sempre orantes:
“Rezai sem cessar”, este pedido do Cristo Jesus, hoje é acompanhado com uma
comparação – parábola.
A
Oração é uma comunhão de vida, num diálogo entre Deus e a criatura. Uma
comunhão que faz com que a criatura sinta a mão protetora de Deus, a realizar
sua justiça. Esta comunhão gera na pessoa um sentimento de confiança e
gratuidade.
A
confiança nos leva a professar incondicionalmente a fé em Deus-amor. Resistindo
as tentações de buscar falsas ‘seguranças’, oferecidas por tantas vias neste
mundo. A oração de um coração confiante eleva o fiel a compreender que a vida
em Deus não é a exclusão de sofrimentos, de necessidades ou tribulações, mas
que a prece confiante nos fará entender, que o convívio com Deus não é,
necessariamente a exclusão de tais sofrimentos, antes é a graça fortificante
que nos é dada para superarmos, sem sucumbir ou esmorecer diante das
vicissitudes da história humana. Esta confiança nos transformará em cristãos e
cristãs, missionários e missionárias da esperança; Capazes de não só repetir
uma prece de pedidos, mas de assumi-la com o desejo de resistir sempre, sem
jamais desanimar, tendo os nossos olhos abertos “para ver as necessidades e os
sofrimentos dos nossos irmãos e irmãs”, que nos inspira “palavras e ações para
confortar os desanimados e oprimidos” (prece eucarística VI-D).
A
gratuidade que a oração gera em nós nos impulsiona a não tratarmos Deus como um
todo-poderoso que estar continuamente a nossos dispor, fazendo tudo que
queremos ou que achamos precisar. Este sentimento, ao contrário, produzirá em
nós um hino de louvor, pelas maravilhas que no ser humano, em sua infinita
misericórdia Deus realiza. Se é verdade que nos tempos atuais somos tentados em
trocar a confiança no Deus verdadeiro, por tecnologia, pelo próprio homem,
pelas armas, pelo dinheiro, pela fama ou poder, não é menos verdade que o
perigo de transformarmos a religião numa máquina monetária, num
materialismo/capitalismo, numa troca de bens espirituais por materiais, nos
ronda constantemente. E esta tentação se apresenta por tantas pessoas que se
aproveita da fé dos simples e humildades para comercializar, graças, benção e milagres,
o que se torna algo muito fácil, diante do desespero que atinge os sofredores,
marginalizados e excluídos de seus direitos humanos.
Contra
esta tentação o salmista vem em nosso favor conduzindo-nos numa prece orante:
“Do Senhor é que me vem o meu socorro, do Senhor que fez o céu e a terra” (Sl
120); não é de qualquer senhor, mas sim do Deus que faz “justiça aos seus
escolhidos”, e tal justiça vem da benevolência de Deus, de sua gratuidade; é
por Deus ser bom e justo que a nossa prece carece ser igualmente boa, confiante
nesta imensa misericórdia que a todos Ele oferece; e igualmente justa pedindo
não somente por nós, mas em favor de todos, a exemplo de Moisés, que se torna o
intercessor do povo (1ª. Leitura).
A
oração gratuita nos levará pela graça divina a estarmos sempre a disposição do
Deus altíssimo, e a servi-Lo de todo coração (oração do dia), na escuta orante
e fiel da Escritura que ensina, corrige e educa na justiça nos tornando
perfeitos e qualificados para toda boa obra. (cf. 2ª. Leitura). A oração pela
qual, a justiça de Deus se realiza em nós, nos impulsionará a sermos
missionários da Palavra, proclamando-A com insistência oportuna ou inoportuna,
argumentado e aconselhando, com paciência e doutrina.
Pe. Gonçalo Aranha dos Santos