II DOMINGO - Tempo Comum (Ano A)


LEITURAS:
1ª Leitura- Is 49,3. 5-6: Farei de ti a luz das nações para que sejas minha salvação.”
Salmo 39,2. 4ab.7-8a.8b-9.10: Eu disse: Eis que venho, Senhor, com prazer faço a vossa vontade!”
II leitura - 1Cor 1,1-3: A vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus!”
Evangelho- Jo 1,29-34: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.”

Com este domingo entramos no tempo chamado comum, que compreende 33 ou 34 domingos ao longo do ano. Tem a finalidade de fazer com que saboreemos o sentido profundo da pessoa e dos ensinamentos de Jesus.
Hoje a liturgia (Evangelho) destaca uma palavra: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. É João Batista que a diz, apontando para Jesus. Paremos na palavra pecado, tantas vezes usada: qual seu sentido? No Novo Testamento o pecado consiste na recusa de reconhecer Jesus como o enviado do Pai que vem para revelar à humanidade o projeto da salvação de Deus.
O evangelista João (I carta e evangelho), usa os símbolos trevas e luz para expressar a atitude das pessoas diante da pessoa de Jesus. Ele constata que os humanos se fecharam em sua autos suficiência e não quiseram acolher ‘a Luz do mundo’ e preferiram as trevas (cf. Jo 1,4-5). Jesus entra em conflito com ‘o poder das trevas’ (cf. Lc 22,52), e, porém, aos que o receberam ‘deu o poder de se tornarem filhos de Deus’.
A raiz dos males e dos pecados se encontra nesse fechamento orgulhoso que faz excluir Deus da própria vida, considerando-o supérfluo ou concorrente. Os pecados são a consequência desse pecado que torna as pessoas escravas do mesmo (cf. Jo 8,34). Quem, ao contrário, se abre e acolhe a pessoa de Jesus e sua proposta de vida, fará as obras da luz e tornar-se-á filho da luz.
João Batista apresenta Jesus e, assim, realiza sua missão. Antes de ser preso, quando o mal parecia esmagá-lo, com humildade e coragem, reconhece que chegou quem é mais e, portanto, ele pode sair de cena por que ‘Ele é quem deve crescer, eu diminuir’ (cf. Jo 3,29-30)!Para acolher a Luz, as trevas devem acuar; como a chegada da luz do dia, faz a noite desvanecer-se. Isso se torna programa de vida para cada um de nós: reduzir as nossas trevas e aumentar em nós a luz de Cristo
Na I leitura o profeta Isaias já tinha anunciado: eu te farei luz das nações, para que minha salvação chegue até aos confins da terra. Esta é a grande promessa, a Salvação que o próprio Senhor realizaria: Tu és o meu Servo, Israel, em quem serei glorificado. Essa glória se manifestou no Filho de Deus que se uniu a nós, em nossa natureza humana, para nos resgatar da morte eterna. Ele veio para abrir à humanidade uma fresta de esperança. Em Jesus -o Filho de Deus- novos horizontes se abrem para a humanidade toda; os cristãos são os que têm conhecimento disso e assumem, de coração e peito firme, esse mesmo projeto de Jesus: ser luz para os outros, testemunhando a chegada de um mundo novo, de uma esperança de vida em plenitude, de um futuro diferente.
Esta promessa já se realizou e todos podem participar da mesma glória, aos que foram santificados em Cristo Jesus, chamados a ser santos (II leitura). A santidade produz luminosidade, nas pessoas e no ambiente onde elas vivem. Para isso, precisamos escolher e definir nosso estilo de vida, não deixar que ‘as coisas do mundo’ nos escravizem. Essas, de fato, tantas vezes, nos tornam escravos e nos fazem perder muito tempo ao ponto que Deus fica ‘de reserva’, para quando ‘temos tempo’. Assim, só em teoria Deus permanece o mais importante em nossa vida, por que, tantas vezes, a Ele damos só as sobras do nosso tempo.
Não basta saber que Jesus é o Salvador e que temos uma vida eterna; não é suficiente sermos bons por que não fazemos nada de ruim. O Senhor Jesus deve gerar em nós uma constante insatisfação, a ponto de não ficarmos contentes com o que temos ou fazemos, mas manter vivo um profundo desejo de querer mais e acolher com total abertura o projeto do Reino de Deus, isto é, de relações repletas de harmonia, concórdia e paz.Deixemo-nos envolver pelo Espírito de Jesus e, de coração sincero, com a oração depois da comunhão, pedimos: “Infundi em nós, Senhor, o Espírito do vosso amor, e fazei que vivam sempre unidos os que saciastes com o único pão do céu”.

Dom Armando