PAIXÃO DO SENHOR

LEITURAS:
1ª  - Is 52,13 - 53,12
Salmo - Sl 30,2.6.12-13.15-16.17.25 (R. Lc 23,46)
2ª  - Hb 4,14-16; 5,7-9
Jo 18,1-19,42

            O dia de hoje é, certamente, muito tocante para nós cristãos. É envolvente, propenso à reflexão, à interioridade, a oração. A igreja nos indica muito convenientemente o jejum e abstinência e muitas pessoas piedosas guardam antigos costumes para expressarem respeito pela morte do Senhor. Participamos de “Vias-sacras”, subidas ao cruzeiro, procissões do Senhor morto, encenações da Paixão. Tudo isso como demonstração de que estamos celebrando o centro de nossa fé: o Mistério da Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
            Às quinze horas toma lugar em nossas comunidades a Ação Litúrgica na qual nos é proclamada ou proclamamos a extensa narrativa da Paixão do Senhor. Contemplamos Jesus sofredor, obediente ao Pai, a nos dar o máximo exemplo de fidelidade. Chega a sua Hora, Hora de sua glorificação, na qual também o Pai é glorificado por meio dele e nos é entregue o Espírito. Por isso cantamos com São Paulo: “Cristo por nós se fez obediente até a morte e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou e lhe deu um nome superior a todo nome” (Fl 2,8).  Jesus é o Cordeiro manso levado ao matadouro, oferenda perfeita de expiação pelos nossos pecados por seu sangue na cruz derramado, ápice de uma vida de inteira oblação.
            Na primeira leitura Ele é identificado como o servo sofredor cantado pelo profeta Isaías. O servo é uma luz que aponta o caminho a ser seguido. Ele não busca convencer outrem por palavras: “não abriu a boca” (Is 53,7). Ele suporta seus pecados, dando-lhe exemplo: “A verdade é que ele tomava sobre si nossas
enfermidades e sofria, ele mesmo, nossas dores”. (Is 53, 4). A humilhação do servo não é derrota ou fracasso, é glória e força diante de Deus. Seu sofrimento é o motivo de sua exaltação, por ter sabido doar-se incondicionalmente.
            Essa verdade a respeito de Cristo, servo sofredor em sua Paixão é, de maneira bela e sucinta descrita no trecho da carta aos Hebreus (2ª leitura), como que a encorajar os que foram sepultados com Cristo no Batismo. Ora, ser cristão comporta sofrimentos, dores, constante entrega. Somos chamados a assumir os outros. Isso é redenção! Quem nos mostrou foi o Filho de Deus, nosso Sumo sacerdote. E nos mostrou não falando das alturas, mas do meio de nós, em nossa carne mortal. “Aproximemo-nos, então, com toda a confiança, do trono da graça”, imitando Cristo em nossa vida, carregando a cruz obedientemente, pois Ele, “na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem”.
            Neste dia tão comovente e digno de respeito, rezemos, como Igreja particular de Livramento de Nossa Senhora:
Ó Cristo, associai-nos à vossa paixão!
Ó Cristo, dai-nos vosso perdão e vossa graça com largueza!
Ó Cristo, ensina-nos a morrer!
Faz-nos experimentar a morte na qual fomos inculcados e a vida nova que dela brota!
Faz-nos servos sofredores!
Faz-nos cumprir a exigente tarefa de ontem: lavar os pés...
“Eu me entrego, Senhor, em tuas mãos e espero pela tua salvação”. Amém.

Sem. Weverson  Almeida Santos
                                                                                                             4° ano de teologia