Diante
da pluralidade cultural que a sociedade está submetida, perguntamo-nos: será
que não estamos atravessando uma decadência cultural? Esta reflexão parte do pressuposto
baseado numa sincera análise da realidade, identificando nas suas mais diversas
nuances aquilo que nos é apresentado como cultura. Efetivamente, não será uma
surpresa o texto que se segue, pois escutamos e lemos com muita frequência
inúmeras críticas sobre a produção cultural dos nossos tempos. Nesse sentido,
Maria Lúcia de Arruda Aranha, no seu livro “Filosofia da Educação”, quando se
refere à cultura, a primeira referência que nos oferece para compreender esse
conjunto de características distintas, espirituais, materiais, intelectuais e
afetivas que descrevem uma sociedade, é o homem, um ser cultural por
excelência. Num sentido amplo, a cultura exprime as diversas maneiras dos
indivíduos estabelecerem relações entre si. Todavia, no sentido restrito, ela é
toda a produção intelectual como as artes, as letras e as demais manifestações
intelectuais existentes. Dessa forma, podemos perceber no decorrer da história
que o mundo sofreu várias mudanças na sua produção cultural, preferindo optar
por uma cultura caracterizada não pelos valores artísticos ou o embasamento
intelectual, mas simplesmente pelo espetáculo engraçado, a fama, o lucro.
Observa-se, portanto, que a cultura se relaciona ao conhecimento que uma
sociedade possui, assim, analisemos a produção artística de nossos dias, uma
vez que, segundo Carol Moryc a “Arte seria uma concretização da cultura, uma
manifestação desta”. O que há de incentivo cultural nas músicas produzidas e
que fazem sucesso em nosso país, por exemplo? Por que a mídia apresenta a arte
como produto de consumo? Moryc ainda salienta que “A mídia espetacularizou a
arte tornando-a produto”, para refletir sobre o que ela mesma definiu como
decadência cultural. A impressão que se recolhe de todas essas observações
relacionadas à cultura hodierna encaminham para o que fora definido pelos
filósofos da ‘famosa’ Escola de Frankfurt como “indústria cultural”, ou seja, a
mercantilização da cultura visando conquistar somente um único bem que é o
dinheiro para satisfazer as vontades individualistas. A indústria cultural,
segundo Theodor Adorno, não é espontânea, pois “promove uma união forçada das
esferas de arte superior e inferior, que permaneceram separadas durante
milênios” (ADORNO: 1991, p.98.). Destarte, Adorno constatou que a cultura não é
produzida pelo povo – massa, mas destinada a ele, por isso, chama de indústria
da cultura e não cultura de massa porque o que se nota é um consumo da cultura
pela massa como se esta fosse um produto. Moryc define a “Indústria cultural”
como “o conjunto de meios de comunicação formado pela rádio, cinema, televisão,
jornais e revistas, que formam um poderoso sistema gerador de lucro. Por ser
mais acessível à massa, consegue manipular e exercer o controle social”.
Certamente, se avaliarmos com atenção o que é apresentado na televisão, por
exemplo, veremos como a cultura está se afundando no mar da decadência. Em vez
de promover uma apreciação dos valores artísticos o que se faz é alimentar um
exacerbado sentimentalismo, com um produto artificial e superficial que não
possui com finalidade elevar o homem, mas simplesmente escravizá-lo. Em suma,
nesta sociedade de cultura enfraquecida propensa à declinação precisamos
resgatar os valores da arte para que ela não destrua sua função de caminho para
o saber, difusora do conhecimento, tesouro dos valores de uma sociedade.
Marcos Bento
3º
Filosofia