1Rs
3,5.7-12;
Salmo
118 (119)
Rm
8,28-30
Mt
13,44-52
A liturgia deste domingo nos convida a
refletir sobre as prioridades e valores que fundamentam a nossa vida. A primeira leitura nos apresenta Salomão, rei de Israel, um competente político, grande
construtor, mas sobretudo, um homem sábio, que, diante de Deus, fala com humildade, não
se deixa seduzir e nem alienar por valores efêmeros. Salomão foi até o
Santuário de Gabaon para oferecer um sacrifício. Durante a noite, o Senhor lhe
apareceu em sonhos e o convidou a pedir-lhe o que quisesse, e isto lhe seria
concedido. Salomão não pediu nada para si: nem riqueza, nem a saúde, nem vitória
contra os inimigos (v.11).A sua preocupação era: “Dá, pois, ao teu servo
um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o
bem e o mal” (v.9). Sua oração agradou a Deus, por isso, lhe foi concedido: “um
coração sábio e inteligente, como nunca houve outro igual antes de ti nem
haverá depois de ti” (v.12). A escolha feita por Salomão prepara a
mensagem que encontraremos no Evangelho de hoje. Jesus recomenda aos seus
seguidores que façam do Reino de Deus a sua prioridade fundamental. Todos os
outros valores e interesses devem passar para segundo plano.
A segunda leitura
convida-nos a seguir o caminho e a proposta de Jesus. Esse é o valor mais alto,
que deve sobrepor-se a todos os outros valores e propostas. As primeiras
palavras dessa leitura são extremamente confortadoras. Revelam-nos que tudo o
que acontece, mesmo os desastres, as guerras, as calamidades naturais, até os
pecados, nada foge do plano de Deus. Nada existe que possa apanhar o Senhor de
surpresa.
Com as parábolas do Evangelho de hoje, conclui-se o capítulo 13, que começamos
a ler há dois domingos. Quem descobriu um Tesouro ou identificou uma Pérola de
grande valor, não pode ficar indeciso, parado, pois, o tempo é precioso, e a oportunidade favorável
pode lhe escapar definitivamente. Quem tem certeza de ter descoberto algum
objeto muito precioso, está disposto a qualquer sacrifício para adquiri-lo.
Através das parábolas Jesus nos ensina que, quem descobriu o Reino de Deus, encontrou um tesouro; Que deve haver urgência na tomada de determinadas decisões, pois, há oportunidades que são únicas na vida e não podem ser desperdiçadas. A escolha do Reino de Deus não pode ser delongada. Quando Deus chama é preciso responder imediatamente. Por fim, o terceiro ensinamento é a alegria. Com certeza não encontramos ninguém que tenha descoberto um tesouro e ande por aí de cara amarrada. Há muita gente que ouviu falar do Evangelho, mas nunca o considerou como um tesouro a ser comprado a qualquer custo, não se deu conta do seu valor, por isso continua triste.
O Papa Francisco na
exortação Evangelii Gaudium nos diz que, “o grande risco do mundo atual, com
sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, é uma tristeza individualista
que brota do coração comodista e mesquinho, da busca desordenada de prazeres
superficiais, da consciência isolada. Quando a vida interior se fecha nos
próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os
pobres, já não se ouve a voz de Deus, já não se goza da doce alegria do seu
amor, nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem. (..)”. Por isso, ele convida
todos os cristãos, em qualquer lugar e situação que se encontre, “a renovar o
seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se
deixar encontrar por Ele, de O procurar dia a dia sem cessar. Não há motivo
para alguém poder pensar que este convite não lhe diz respeito, já que «da
alegria trazida pelo Senhor ninguém é excluído»
Assim, podemos dizer
que a descoberta do Reino de Deus, o encontro com Jesus, sobretudo, através dos sacramentos, da Palavra e dos irmãos muda a
vida da pessoa. Sua “alegria” é inequívoca, pois encontrou o essencial da vida, o melhor de
Jesus, o valor que pode dar sentido a própria existência. Se como cristãos não
descobrimos o projeto de Jesus, seremos tristes, amargos e na Igreja não haverá
alegria!