LEITURAS:
Zacarias 9,9-10;
Salmo 144;
Romanos 8, 9.11-13;
Mateus 11,25-30
Jesus fica maravilhado e agradecido vendo que os pequeninos compreendem e acolhem a sua Palavra e a sua pessoa enquanto os sábios e entendidos se fecham em si mesmos, em seu orgulho e auto-suficiência.
É a conclusão de uma série de decepções e sofrimentos que o capítulo 11 de Mateus relata. João Batista está na cadeia, preso pela sua coragem em denunciar o mal comportamento do rei e da rainha; o mesmo João passa por uma crise a respeito de Jesus: ‘É você mesmo o Messias, ou não’ (cf. 11,3)? O povo que segue Jesus é formado por pessoas às vezes muito esquisitas: criticavam João Batista pelo fato que não comia e fazia penitência; criticam Jesus que participa da vida social, come e bebe, e dizem que é ‘um comilão’ e um ‘beberrão’, ‘amigo de cobradores de impostos e das prostitutas’(cf. Mt 11,19).! Difícil aguentar tamanha pequenez de mente e de coração! Por isso, Jesus usa palavras muito duras contra, Corazim, Betsaida, Cafarnaum, as cidades onde ele tinha operado (cf. Mt 11,20-24).
Jesus, porém, não recua nem se perde de ânimo. E manifesta sua felicidade pelos que o escutam, como atesta o evangelho de hoje. A gente simples, a que não conhece os grandes ensinamentos e não tem voz nem vez na religião do Templo, abre-se ao projeto de Jesus. O Pai está revelando às pessoas mais humildes seu projeto de amor. Essas pessoas vivem oprimidas pelos que, na religião do templo, exploram e desprezam. Por isso, Jesus lhes diz: “Vinde  a mim, todos vós que estais cansados e fatigados ... e eu vos darei descanso. Tomais sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso”. Esses três convites Jesus faz ao povo. A maneira de viver a religião - segundo e seguindo Jesus - não é um peso mas uma alegria.
Escreve o papa Francisco: “É preciso permitir que a alegria da fé comece a despertar, como uma secreta, mas firme confiança, mesmo no meio das piores angústias” (“A Alegria do Evangelho: EG, 6).
Na I leitura o profeta Zacarias convida a Cidade santa, Jerusalém, a ‘exultar’ e ‘rejubilar’; qual a razão de tanta alegria? A vinda do Senhor de forma humilde e ‘montando num jumento,, isto é, como rei de paz. Ele, de fato, eliminará toda expressão de violência e ‘anunciará a paz’. Quando Jesus entrou em Jerusalém, montando um jumentinho, seus seguidores lembrar dessa mensagem.
O apóstolo Paulo (II leitura) nos dá algumas fortes recomendações: “não viveis segundo a carne, mas segundo o espírito”. Que significa? A palavra carne na linguagem do apóstolo significa tudo o que é auto-suficiência, que faz as pessoas viver achando Deus supérfluo, desnecessário, assim como aconteceu com Adão e Eva, com Caim, com o pessoal do dilúvio que desprezava Noé, ou como os que construíam a torre de Babel. “Matar o procedimento carnal’ e ‘viver segundo o espírito’ é... o contrário: viver seguindo Jesus, confiando no Pai e servindo os irmãos e irmãs, com simplicidade e fidelidade.
Com o salmista invoquemos: “Misericórdia e piedade é o Senhor, ele é amor, é paciência, é compaixão”. Pedimos que o divino Espírito faça crescer em nós esses sentimentos e atitudes.
É isso o que Jesus nos pede: ser pessoas simples, humildes, sinceras e abertas à novidade que Ele veio trazer à terra. Quem procura viver assim, está acolhendo o seu projeto: o Reino de Deus.
Perguntemo-nos: Qual nossa atitude diante da proposta de Jesus? Procuramos escutar  com simplicidade e humildade ou... complicamos demais e pensamos que ‘somos bons’ só pelas práticas exteriores?
Dom Armando