HERÁCLITO COM O DEVIR E PARMÊNIDES COM O SER OU NÃO SER

Heráclito nasceu em Éfeso no século VI a. C. (540 a.C. – 470 a.C.) na Ásia Menor, os seus estudos estão baseados no devir, no qual ele afirma que tudo é vir a ser, e que tudo se transforma, num processo permanente. O filósofo compara este pensamento como um rio “Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio”, pois outras serão as águas e outro será o homem.
Não restaram muito de seus escritos, apenas testemunhos indiretos. O que mais lhe fascinava, não era a multiplicidade das coisas, mas sim, a mudanças que elas estão submetidas, gerando o devir, no qual o filósofo apresenta a causa e a lei deste pensamento, que é tida como princípios da mesma natureza. Ele atribui o fogo, que é originado de outras coisas, como algo mais próximo do devir, e que este elemento da natureza sofre um processo ascendente e descendente, como resultado gera todas as coisas. Ele classifica o movimento descendente como aquele que dá origem aos demais elementos da natureza: água, ar e terra, logo após sofrer o processo de condensação, já o ascendente, ele afirma que, estes elementos voltam a ser fogo quando juntos se rarefazem. As transformações, segundo o filósofo, são consequências da tensão entre os opostos, da ação e reação.
Segundo ele, há uma lei que regula os movimentos do fogo, causando uma sintonia das coisas, na qual classifica como o logos que é tida como a razão do universo, ou o deus único das coisas. Diz ainda, que nem todo homem consegue alcançar a unidade das coisas, somente aqueles que seguem a via da razão (logos), e não a da sensação, sendo que a primeira proporciona ao homem o princípio da verdade.
Heráclito diz que é o homem responsável pelo seu destino, e que poderá seguir uma das duas vias, sendo a ascendente a correta, e que no ato da morte, o homem retorna ao fogo eterno e tornando assim um imortal. Os estudos de Heráclito se resumem no devir e que tudo está em processo constante de mudanças na harmonia dos contrários.
Parmênides de Eléia, viveu na primeira metade do século V a.C. (530 a.C.-460 a.C.), foi o mais influente dos filósofos que precederam Platão, foi também poeta de grande destaque de seu tempo, na qual tem destaque o seu poema “Sobre a natureza”, composto de duas partes: Da verdade e Da opinião. Ele propôs que tudo o que existe é eterno, imutável, indestrutível, indivisível e, portanto, imóvel.
Ele sustenta a ideia do ser e o não-ser, dando destaque a realidade do ser. Contrariando o pensamento de Heráclito, ele afirma que: “ou uma coisa é ou não é”, e não há possibilidade de vir-a-ser, pois “se é não pode vir-a-ser, porque já é”. Afirmando essa ideia, ele explica que do nada não se tira nada, porque ela precisa existir, e esta existindo, está a realidade do ser.
Buscando a explicação lógica do ser, ele apresenta a relação entre o ser e o pensamento, e ambos são a mesma coisa, sendo assim, o pensar se encontra expresso no ser. Com esse pensamento, Parmênides comprova que o objeto do pensamento é o ser e que o não ser seria algo impossível.
Foi ele quem primeiro explicou a “noção fundamental do ser”, apresentando a distinção entre razão e sentidos, sendo que os sentidos nos enganam, e estes, estão voltados para o vir-a-ser. “De fato, ou uma coisa é ou não é”.

Élcio Bonfim
1º Filosofia