A EUCARISTA NOS TORNA CRISTÃOS - II

2. A Eucaristia na Comunidade cristã primitiva. A Igreja logo entendeu a importância fundamental da Eucaristia para a sua vida e sua identidade. Os Evangelhos, os Atos e as Cartas doas Apóstolos documentam como a Comunidade, gerada pela morte e ressurreição de Jesus, logo começou a se reunir para fazer memória daquilo que o Senhor tinha feito. Este é, e será, um gesto que qualifica a Igreja e define a sua identidade. Participar deste encontro é algo que marca a história e a identidade dos seguidores de Jesus! Mas, não é suficiente participar da mesa;  é preciso entrar sempre mais profunda e intensamente no sentido desse gesto: “Aos Domingos, mais do que em qualquer outro dia, o cristão procura fazer de sua vida um dom, um sacrifício espiritual agradável a Deus” (Dia do Senhor: documento dos Bispos italianos, 12).  Por isso, deve ser vivido não superficialmente, como habito, nem como facultativo, porque define a identidade do cristão! De fato, o cristão precisa da Eucaristia dominical: “de um preceito podemos evadir, de uma necessidade, não (ib. 58)”.
3. Eucaristia e vida. A Eucaristia educa nossa vida para torná-la coerente com a vocação cristã!
Eis alguns aspectos dessa pedagogia eucarística. A Eucaristia educa:
A.       ao acolhimento e à gratuidade. Na Igreja somos acolhidos. Acolham-se uns aos outros, como Cristo acolheu vocês, para a glória de Deus (Rm 15,7). Este estilo deve gerar a mesma atitude para com os irmãos. É um estilo de vida evangélico que permeia todos os relacionamentos, no cotidiano;
B.       ao dom de si. O que tenho e não o recebi? Diz são Paulo. Viver nossa vida como um presente que recebemos e que, por isso, procuramos partilhar. Esse estilo de partilha deveria ser normal! Deixando-nos formar pelo Senhor que se doa, aprender a sermos dom, e, assim, seremos instrumentos para que o dom de Deus passe aos irmãos. Assim a Eucaristia estimula o empenho e a responsabilidade;
C.       ao diálogo. Na celebração da Eucaristia existe um diálogo constante. Antes de tudo, somos convidados à escuta do Senhor que fala. Pronunciamos o nosso sim à Palavra, com o Creio, com o qual, não só professamos nossa fé, mas manifestamos a vontade de conformar nossa vida à Palavra.  O diálogo com o Senhor deve continuar na vida, com todos: em nossa família, no trabalho, nos encontros. Exige disponibilidade para abrimos aos irmãos, superando desconfianças, suspeitas, concorrências;
D.       ao martírio: “A Eucaristia é o momento em que a vida da Igreja se reúne ao redor do Cristo pascal. Recebe o dom de seu amor oblativo e depois e lançada pelas estradas do mundo para ser presença de bom samaritano, quase para fazer experimentar aos irmãos a intensidade e a força com que Deus os ama, com a qualidade mesma do seu amor”. Ao longo da história, numerosos mártires alicerçaram na Eucaristia sua coragem e sua fé;
E.        ao serviço. Lembremos, de maneira especial, o lava-pés. Este, também, é memória viva e convite entregue à Igreja para agir como Jesus. De maneira plástica, ensina qual é o estilo de vida da Igreja, chamada a ser no mundo sinal de sua presença. Serviço não significa fazer algo pelos outros, mas o que os outros precisam, e da maneira que melhor os favoreça. Serviço vivido, antes de tudo, com a própria profissão; com honestidade, competência e humanidade;
F.        à missão: Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês (Jo 20,21). A igreja vive para ser é enviada. E na Eucaristia finca suas raízes. O Espírito, que deu vida ao corpo morto de Cristo, continua dando vida à sua comunidade. A força do Espírito do Senhor continua agindo e sustentando no caminho da fidelidade. A Eucaristia educa, ainda, para um espírito ecumênico e universal. Torna-nos sensíveis para com os irmãos e irmãs que vivem em condições de sofrimento e marginalização, para sermos construtores da paz que Cristo deixou como dom e responsabilidade, que é fruto da justiça.
Perguntas: 1. Qual o sentido tem a Eucaristia em sua vida? A participação à Santa Missa é algo importante e vivido com fidelidade? Quais consequências têm para a vida do dia-a-dia?
2. Por que tantos batizados não vivem sua relação profunda e coerente com a Eucaristia? Por que o rito, tantas vezes, não mexe com o resto da vida?

Dom Armando