
No Existencialismo percebemos como
base a questão do ser, que é a essência que se fundamenta e ilumina a
existência ou os modos de ser. Nessa perspectiva, o existencialismo se
desenvolve com a perspectiva de refletir sobre o indivíduo e sua existência
identificada com sua liberdade. Com isso, notamos que desde o nascimento, o
homem é jogado no mundo, sem apoio e referências a valores, pois ele é quem
deve construí-los através da própria liberdade e sob sua responsabilidade.
Dessa maneira, o empenho do Existencialismo consiste em pensar no indivíduo de
forma concreta com base na sua existência cotidiana, desprovida de qualquer
relevo especial.
Para caracterizar o
Existencialismo, recorremos aos seus dois maiores representantes – Martin
Heidegger e Jean-Paul Sartre. Através das reflexões de cada um observamos como
essa temática se estruturou ao longo da história da Filosofia, possibilitando
inúmeros avanços na compreensão do nosso estar no mundo e do sentido da nossa
liberdade. Assim, por meio da afirmação de Heidegger que aponta a existência
como precedente da essência, constatamos a caracterização mais notável para o
Existencialismo porque o filósofo propõe uma nova forma de entendimento acerca
do indivíduo. Com efeito, o que Heidegger estabelece se concentra na
demonstração de que o existir é o ato que determina a essência, manipulando-a.
Apesar disso, Heidegger não aceita
a palavra Existencialismo como termo para definir seu pensamento. Em
contrapartida, Jean-Paul Sartre assume o Existencialismo como denominador da
sua doutrina, assinalando que o ser é o que é – eis o princípio de identidade.
Nesse sentido, o filósofo assinala que o ser humano não é um ser em si, cheio,
total, porque se oporia aos ideais de consciência e liberdade.
Heidegger propôs discutir sobre o
sentido do ser visando encontrar o modo de ser do ser humano, nomeando tal
resultado de Dasein, cujo sentido exprime o ser-aí, isto é, estar-aí no mundo.
Por conseguinte, o desenvolvimento da existência se dá nas relações
estabelecidas no mundo. Pois, para existir, o indivíduo projeta sua vida e
procura agir no campo de suas possibilidades, movendo-se numa busca permanente
para realizar aquilo que ainda não é. Isso implica afirmar que o existir é a
constante construção de um projeto.
Efetivamente, percebemos que no
pensamento de Sartre, a concepção de homem realiza-se mediante um processo em
que o homem é concebido como um ser-para-si, isto é, um modo de ser mantendo em
si mesmo um distanciamento intransponível, como o ser que “traz o nada ao
mundo”. Nesse sentido, notamos que a existência na visão do pensador francês
eleva o indivíduo, não permitindo que se faça uma caracterização definitiva de
si, uma vez que ele ultrapassa tudo o que se possa afirmar sobre ele. Além
disso, destacamos que a liberdade é um tema muito frequente na filosofia sartreana,
evidenciando, principalmente que o para-si é permanentemente responsável pelas
suas escolhas. Com isso, notamos que a relação do homem com a existência
pressupõe a ideia de que ele não é um ser acabado, predeterminado, porque como
afirma Sartre “somos aquilo que fazemos do que fazem de nós”.
Marcos Bento
Concluinte do curso de
Filosofia