“A alegria do Evangelho enche o coração e a vida
inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele
são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com
Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria”. Com estas palavras o papa
Francisco começa a sua Exortação apostólica Evangelii gaudium (A alegria
do Evangelho).
Natal nos dá a razão dessa alegria. De fato, nós
celebramos a ‘festa litúrgica’ da vinda do Filho de Deus a esta terra. É uma
‘festa litúrgica’, não um aniversário. A Igreja faz festa por um acontecimento
que marca a sua história e ilumina toda a sua caminhada terrena. A todo ano, na
noite de Natal, canta-se: “Hoje nasceu para nós uma criança, um Filho nos foi
dado”. Deus, o Pai, em sua bondade, manda à humanidade o Filho para dizer que Ele
a ama. Uma mensagem de vida e esperança é entregue à história pela presença do Filho, “o Verbo – a Palavra - que se fez carne e veio morar entre nós”, escreve
são João (Jo 1,14).
Em Jesus, nós cristãos acolhemos a presença de
Deus que assume um rosto humano. Ainda, o apóstolo João escreve (em sua I
carta, 1, 1-2): “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os
nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos tocaram da Palavra da Vida –
de fato, a Vida manifestou-se e nós a vimos, e somos testemunhas, e a vós
anunciamos a Vida eterna, que estava junto do Pai e que se tornou visível para
nós”.
Pela fé, que dá sentido a tudo o que acreditamos
e fazemos, eis que o Natal se torna preciosa oportunidade para redescobrir essa
verdade que alicerça a mesma fé. Quem perder essa convicção, não tem razão para
fazer festa no Natal. É mesquinhez substituir o Natal com um meloso
‘papai-noel’, historinha para iludir crianças e gerar negócios.
A festa do Natal começa pelos anos 330 da era
cristã, provavelmente, para substituir, em Roma, a festa do ‘Sol vencedor’ em
que era o imperador a ser honrado. Os cristãos, quando alcançaram a liberdade de
culto, substituem Jesus qual “luz de verdade, que, vindo ao mundo, ilumina todo
ser humano” (Jo 1,19).
Então, com Maria e José, celebremos o Natal, com a
mesma simplicidade e alegria do primeiro Natal. Os anjos anunciaram aos
pastores essa felicidade. A reaparição da estrela misteriosa fez renascer a
alegria e a felicidade no coração dos Magos que vieram do Oriente (Mt 2, 10).
Se estivermos abertos para escutar seu ensinamento, o Natal
nos diz que é possível ser felizes na dor, entre as dificuldades e no luto,
aqui na terra. A felicidade consiste em ter Jesus, em estar com Ele, em amá-Lo
de todo o coração, com a esperança de tê-Lo perfeitamente um dia no Céu. Não se
vai à Igreja para não sofrer, já que o sofrimento é parte da vida humana, mas
para aprender a sofrer. A felicidade do cristão se fundamenta na certeza do
amor fiel de Deus, que conhecemos em Jesus, criança de Belém e Servo sofredor.
O presépio é a primeira pregação de Jesus, o resumo do
seu estilo de vida. Em silêncio, Ele nos ensina o valor da pobreza e do desapego
às glórias humanas, o valor efêmero das riquezas, a necessidade da humildade, o
testemunho dos valores mais importantes da vida: a mansidão, a bondade, a
paciência, a caridade para com o próximo, a harmonia na convivência humana, o
perdão das ofensas, a grandeza de coração. Acolher Jesus, dar ao Natal seu
verdadeiro sentido, comporta abraçar esse estilo. Por isso, o Natal cristão é
festa de paz e serenidade, de humanidade plena e amor sincero. Começando na
família. A troca de presentes entre amigos é sinal que queremos acolher Jesus, o
‘presente’ de Deus à humanidade. O Natal da Liturgia é um constante presente,
de gratidão e perdão. É a festa daquele que, sendo Deus, tornou-se irmão universal
para que a humanidade aprenda e viva a verdadeira felicidade.
A todos, irmãos e
irmãs, sobretudo aos que comigo acreditam no verdadeiro Natal, desejo FELIZ
NATAL!
Dom Armando