Continuando
a reflexão sobre batismo de crianças,
chegamos ao momento em que, depois de ter invocado o Espírito Santo sobre a
água, pais e padrinhos manifestam a sua fé diante da Igreja. De fato, é pela fé
da Igreja, manifestada pelos pais e padrinhos, que as crianças são acolhidas na
Igreja. Quem preside a celebração pergunta: “Queridos pais e padrinhos, o amor
de Deus vai infundir nestas crianças uma vida nova... Se vocês estão dispostos
a educá-las na fé, renovem agora suas promessas batismais”.
É
minha experiência e convicção que um dos aspectos mais desafiadores da vida
eclesial está no fato de pais e padrinhos que respondem positivamente às
perguntas rituais, mas, em muitos casos, ou não compreendem e não assumem o que
manifestam.
A
profissão de fé tem duas partes, uma de renúncia, a outra de explícita manifestação da fé. Diz o Ritual que, no
lugar da palavra ‘renuncio’, podem-se usar outras, exemplo: ‘lutar contra,
deixar de lado, abandonar, combater, dizer não, não querer’. Em resumo,
trata-se de alguns ‘nãos’ e alguns ‘sins’ que a Igreja coloca em nossos lábios,
mas que devem ser amadurecidos na mente e no coração de cada um que os
pronuncia. Encontramos, ainda, várias fórmulas de pergunta-resposta. As mesmas,
adaptadas, são usadas na celebração da missa de I comunhão e de Crisma, como,
também, solenemente, na vigília pascal. Porém, para não esvaziá-las de sentido,
pede-se uma boa catequese que ajude, sobretudo, pais e padrinhos, a tomarem
consciência do rico sentido dessa profissão de fé.
As
perguntas rituais destacam a liberdade
dos filhos de Deus, que comporta renúncia de tudo o que afasta de Deus; a fraternidade, que os membros da Igreja
são chamados a viverem no amor do Senhor, seguindo Jesus, o Filho que se tornou
irmão e que, no Espírito Santo pede que construamos fraternidade entre todos; renuncia-se, ainda, ao demônio, autor e princípio do pecado. A
conversa a respeito dessas renúncias demoraria muito. Vale a pena que padres e
catequistas façam todo esforço para ajudar, antes da celebração, na compreensão
da fé que o rito manifesta.
Seguem
as perguntas com a resposta Creio.
Lembro que creio, talvez melhor seria
responder credo, vem do verbo latim credere que significa ‘dar o coração’, no sentido de ‘consciência’,
isto é, do centro da nossa interioridade onde tomamos as decisões que orientam
a vida, com suas escolhas, decisões e comportamentos. A dos cristãos é fé num
Deus Pai e Filho e Espírito Santo, no Deus Trindade, isto é família de amor
infinito. Eis, portanto, a necessidade de refletirmos no que se refere à
‘imagem’ de Deus que nos acompanha e qual o nosso relacionamento com o Deus
Trindade. Os demais artigos do Credo, também, oferecem matéria para longa
reflexão.
As
promessas batismais terminam com uma aclamação: “Esta é a nossa fé, que da
Igreja recebemos e sinceramente professamos, razão de nossa alegria em Cristo,
nosso Senhor”. De verdade, são palavras bonitas e cheias de luz para a vida
cristã. Que, com a graça de Deus, possamos compreendê-las e vivê-las.
Dom Armando