Na última reflexão, analisamos a renovação das
promessas batismais por parte de pais e padrinhos. É pela fé deles e da Igreja,
que a criança recebe o ‘sinal da fé’ em Jesus, o Filho de Deus que viveu entre
nós, anunciou o Evangelho da misericórdia e da bondade de Deus, foi morto e
venceu a morte. As promessas se encerram com as palavras: “Esta é a nossa fé
que da Igreja recebemos e sinceramente professamos”.
Em seguida, quem preside pergunta a pais e
padrinhos: “Vocês querem que (diz o nome
do batizando) seja batizado (a) na fé da Igreja que acabamos de professar?”
E todos respondem: “Queremos”. Esta resposta é prevista pelo rito, mas nem
sempre pode ser pressuposta. Às vezes, os pais procuram o batismo mais por
tradição, por hábito cultural, ou pelo desejo de dar ‘algo bom’ ao filho, ou
por uma espécie de ‘vacina’ contra doenças ou outras forças negativas, ou para
‘ganhar’ um padrinho que, em momentos de dificuldade, pode ser de ajuda.
Sem desmerecer Nenhuma dessas razões que levam a
família a procurar o sacramento do Batismo, devem ser rejeitadas ou
desmerecidas. Cada um tem as suas razões que a Igreja respeita e valoriza; às
vezes é só uma ‘chama que ainda fumega’, e, por isso, precisa ser alimentada.
Esta é a razão pela qual se proporcionam os encontros de reflexão para pais e
padrinhos, sobretudo: a Comunidade cristã católica não quer perder ninguém, mas
pretende ajudar cada um(a) a compreender as razões pelas quais se batizam crianças
e as responsabilidades que a família assume em vista da formação cristã dos
seus filhos.
O Catecismo da
Igreja Católica aborda o assunto ‘Batismo’ aos números de 1213 a 1284. São
tantas e bonitas reflexões; destaco alguns pensamentos. Antes de tudo, afirma-se
que o Batismo de crianças manifesta “a gratuidade pura da graça da salvação”
(n. 1250) e que esta prática “é uma tradição imemorável da Igreja” (n. 1252).
Gostaria evidenciar outro aspecto muito importante
que o Catecismo enfatiza: “O Batismo
é o sacramento da fé”. Trata-se da ‘fé da Igreja’: “Cada um dos fiéis só pode
crer dentro da fé da Igreja. A fé que se requer para o Batismo não é uma fé
perfeita e madura, mas um começo, que deve se desenvolver”. Como poderá crescer
e amadurecer essa opção de vida? Logo responde o mesmo Catecismo: “É importante a ajuda dos pais. Este é também o papel do
padrinho ou da madrinha, que devem ser cristãos firmes, capazes e prontos a
ajudar o novo batizado, criança ou adulto, em sua caminhada na vida cristã. A
tarefa deles é uma verdadeira função eclesial. A comunidade eclesial inteira
tem uma parcela de responsabilidade no desenvolvimento e na conservação da graça
recebida no batismo” (n. 1255).
De
um ponto de vista pastoral, sempre mais urgente se torna a formação religiosa e
a iniciação e o amadurecimento na fé dos adultos que pedem o Batismo e, portanto,
são chamados a garantir a sua fé no Batismo de crianças. Nisso, encontra-se um
dos pontos fracos e dos grandes desafios de nossa pastoral. Constata-se que temos
muitos batizados, mas poucos ‘iniciados’ na fé. Vale a pena refletir sobre as
razões que nos levam a pedir e realizar o Batismo de uma criança e considerar o
compromisso que se assume diante de Deus e da Igreja.
Dom Armando