Continuamos
nossa reflexão sobre a celebração do batismo de crianças. Depois do rito
da luz, encontramos dois ritos ‘opcionais’. Trata-se da ‘entrega do sal’
e do ‘Éfeta’. O primeiro é fácil de entender; lembra da palavra de Jesus (Mt
5,13): Vocês são o sal da terra. O
ritual diz: “a mãe põe um pouco de sal na boca da criança”.
O
cristão é chamado, pela palavra de Jesus, a ser pessoa que, com suas escolhas e
estilo de vida, demonstra quais valores dão sabor e sentido à sua vida. O papa
Francisco, entre as numerosas palavras com que pede à Igreja para ter mais
‘sabor’, escreve (EG 39): “O Evangelho convida, antes de tudo, a responder a
Deus que nos ama e salva, reconhecendo-O nos outros e saindo de nós mesmos para
procurar o bem de todos”. Eis uma maneira de ser ‘sal’ com a própria vida. Na
passagem paralela, o evangelista Marcos escreve: Tende sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os outros (Mc 9,50).
O evangelista Lucas, também, recorda esta palavra de Jesus: se o sal se tornar insosso, com que há de
temperar? Não presta para a terra, nem é útil para estrume: jogam-no fora (14,34).
Aparece claramente a preocupação de Jesus – e do evangelista - que os discípulos
‘percam o sabor’.
Outras
palavras de papa Francisco nos questionam (EG 81): ”Quando mais precisamos dum
dinamismo missionário que leve sal e luz ao mundo, muitos leigos temem que
alguém os convide a realizar alguma tarefa apostólica e procurem fugir de
qualquer compromisso que lhes possa roubar o tempo livre”. Chama a atenção,
também dos sacerdotes que ‘se preocupam excessivamente com o seu tempo
pessoal... como se uma tarefa de evangelização fosse um veneno perigoso e não
uma resposta alegre ao amor de Deus que nos convoca para a missão”.
Enfim,
mais um rito facultativo, chamado de ‘Éfeta’ (cf. Mc 7, 34), palavra de
Jesus que significa Abre-te. Lembra
da cura de um surdo gago realizada por Jesus na região da Decápole. Conta o
evangelista Marcos que Jesus levou o homem a
sós, para longe da multidão, colocou os dedos nas orelhas dele e, com saliva
tocou-lhe a língua. Depois, levantando os olhos para o céu, gemeu, e disse:
Éfetá, que quer dizer: ‘Abre-te!’. Imediatamente
abriram-se-lhe os ouvidos e a língua se lhe desprendeu, e falava corretamente.
Quem preside, toca os ouvidos e a boca da criança e diz: “O Senhor Jesus, que
fez os surdos ouvir e os mudos falar, te conceda que possas logo ouvir sua
Palavra e professar a fé para louvor e glória de Deus Pai”.
São
ritos simples, mas significativos, e vale a pena realizá-los; se compreendidos,
transmitem uma mensagem muito bonita e inspirada em palavras e gestos do mesmo Jesus.
Uma
última anotação do ritual: “Se a comunidade eclesial tiver distintivo próprio,
este é o momento conveniente para entregá-lo à criança como sinal de pertença”.
Desejo
que estes ritos ajudem a compreender melhor a riqueza e as exigências do sacramento
que nos tornou filhos e filhas de Deus e membros da Igreja.
Dom
Armando