At 4,8-12
Salmo 117 (118)
1 Jo 3,1-2
Jo 10,11-18
O 4º Domingo da Páscoa
é considerado o “Domingo do Bom Pastor”, pois todos os anos a liturgia propõe,
neste domingo, um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual
Jesus é apresentado como “Bom Pastor”. É, portanto, este o tema central que a
Palavra de Deus põe, hoje, à nossa reflexão. O Evangelho apresenta Cristo como “o
Pastor modelo”, que ama de forma gratuita e desinteressada as suas ovelhas, até
ser capaz de dar a vida por elas. As ovelhas sabem que podem confiar nele de
forma incondicional, pois Ele não busca o próprio bem, mas o bem do seu
rebanho. O que é decisivo para pertencer ao rebanho de Jesus é a
disponibilidade para “escutar” as propostas que Ele faz e segui-lo no caminho
do amor e da entrega. Aquilo que distingue o “verdadeiro pastor” do “pastor
mercenário” é a diferente atitude diante do “lobo”. O “lobo” representa, nesta
“parábola”, tudo aquilo que põe em perigo a vida das ovelhas: os interesses dos
poderosos, a opressão, a injustiça, a violência, o ódio do mundo. O “pastor
mercenário” é o pastor contratado por dinheiro. O rebanho não é dele e ele não
ama as ovelhas que lhe foram confiadas. Limita-se a cumprir o seu contrato,
fugindo de tudo aquilo que o pode pôr em perigo a ele próprio e aos seus
interesses pessoais. O verdadeiro pastor é aquele que presta o seu serviço por
amor e não por dinheiro. Ele não está apenas interessado em cumprir o contrato,
mas em fazer com que as ovelhas tenham vida e se sintam felizes. A sua
prioridade é o bem das ovelhas que lhe foram confiadas. Por isso, ele arrisca
tudo em benefício do rebanho e está, até, disposto a dar a própria vida por
essas ovelhas que ama.
A primeira leitura
afirma que Jesus é o único Salvador, já que “não existe debaixo do céu outro
nome, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos” (neste “Domingo do Bom
Pastor” dizer que Jesus é o “único salvador” equivale a dizer que Ele é o único
pastor que nos conduz em direção à vida verdadeira). Lucas, no livro dos Atos,
avisa-nos para não nos deixarmos iludir por outras figuras, por outros
caminhos, por outras sugestões que nos apresentam propostas falsas de salvação.
Na realidade, Jesus é a fonte única de onde brota a salvação – não só a
libertação dos males físicos, mas a salvação entendida como totalidade, como
vida definitiva, como realização plena do homem. Jesus (o nome hebraico “Jesus”
significa “O Senhor salva”) é o único canal através do qual a salvação de Deus
atinge os homens (vers. 12). Com esta afirmação solene e radical, Lucas convida
os cristãos a serem testemunhas da salvação, propondo aos homens Jesus Cristo e
levando os homens a aderirem, de forma total e incondicional, ao projeto de
vida que ele veio oferecer.
Na segunda leitura, o
autor da primeira Carta de João convida-nos a contemplar o amor de Deus pelo
homem. É porque nos ama com um “amor admirável” que Deus está apostado em
levar-nos a superar a nossa condição de debilidade e de fragilidade. O objetivo
de Deus é integrar-nos na sua família e tornar-nos “semelhantes” a Ele. A
condição de “filhos de Deus”, que fazem as obras de Deus, coloca os crentes
numa posição singular diante do “mundo”. Por isso, o “mundo” irá ignorar ou
mesmo perseguir os “filhos de Deus”, recusando a proposta de vida que eles
testemunham. Não é nada de novo nem de surpreendente: o “mundo” também recusou
Cristo e a sua proposta de salvação (vers. 1b). Apesar de serem já, desde o dia
do Batismo (o dia em que aceitaram essa vida nova que Deus oferece aos homens),
“filhos de Deus”, os crentes continuam a caminho da sua realização definitiva,
do dia em que a fragilidade e a finitude humanas serão definitivamente
superadas.
Disponível
no portal dos Dehonianos: (www.dehonianos.org).