Êxodo 12,1-8.11-14.
Salmo 115/116,12-13.15-116bc.17-18.
1Coríntios 11,23-26.
João 13,1-15.
Salmo 115/116,12-13.15-116bc.17-18.
1Coríntios 11,23-26.
João 13,1-15.
“Ó
Pai, estamos reunidos para a santa ceia, na qual o vosso Filho único, ao
entregar-se à morte, deu à santa Igreja um novo e eterno sacrifício, como
banquete do seu amor”: são as palavras da oração do dia, que termina
pedindo “por mistério tão excelso, chegar à plenitude do amor”. Eis, em resumo,
o que estamos celebrando hoje, nós, discípulos (as) do Senhor Jesus.
A
Palavra de Deus nos ilumina a
respeito do sentido do que celebramos.
Na
II leitura, escutamos um dos textos mais importantes a respeito da
Eucaristia (1 Cor 11,23-26). É do apóstolo Paulo que, pouco mais de 20 anos
após a última Ceia, escreve aos seus cristãos de Corinto (um pouco chateado)
para lembrá-los do sentido da Eucaristia. Recorda que ele lhes ‘transmitiu’ o que recebeu do Senhor. Nós, hoje, continuamos, do mesmo modo dos
cristãos da primeira hora, ‘fazendo memória’ do que ‘recebemos’. Com esta Ceia,
proclamamos a morte do Senhor até que ele
venha!
Na
I leitura, é-nos dado entender melhor o que Jesus estava fazendo
‘naquela noite’ quando, sentado à mesa com seus discípulos, ‘inventou’ esse
sinal do amor, entregando-se totalmente num gesto que teria sido compreendido
somente depois de sua morte. O texto de Êxodo (12, 1-14) conta o que o povo
de Jesus fazia (e faz) na noite da ceia pascal: este dia será para vós uma festa memorável em honra do Senhor, que
havereis de celebrar por todas as gerações, como instituição perpétua. Com essa
celebração, o povo recordava o fato mais marcante de sua história: a libertação
do Egito. Foi uma noite extraordinária, de fuga apressada, de intensa
experiência da passagem de Deus em
sua vida e da força que experimentou para enfrentar a ‘passagem’ a caminho da
terra da liberdade.
O
senso pleno da Ceia do Senhor, porém, encontra-se no texto do Evangelho de
João (13,1-15). É gesto tão surpreendente que Pedro não consegue entender:
como pode o Mestre lavar os pés dos
discípulos?! Na mentalidade de Pedro (e não só), isso é um absurdo; significa
faltar com respeito, derrubar tradições, subverter a ordem das coisas! Depois, basta
uma palavra de Jesus e Pedro acaba cedendo: Se
eu não te lavar não terás parte comigo. Pedro, apesar de não entender
completamente, entende que é um gesto de amor, e ele – apesar de sua
fragilidade – não quer perder a amizade de Jesus.
Recordação
da história da libertação do Egito, celebração da Ceia do Senhor como memória
viva e atualizante do sacrifício de Jesus e lava-pés são três expressões –
diferentes, mas intimamente unidas – do sentido da Páscoa. Deus toma a
iniciativa de libertar o seu povo; Jesus nos amou primeiro e até o fim; Ele mesmo nos deixou um
exemplo de amor, lavando os pés dos discípulos e explicando o que nós também
devemos fazer: se eu, o Senhor e Mestre,
vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o
exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz.
Na
liturgia, nós repetimos o mesmo gesto de Jesus. Não basta, porém, reproduzi-lo
como ‘cerimônia’. É gesto que exige coerência de vida e atitude permanente de disponibilidade
para com os irmãos. Quem preside a liturgia, sobretudo, é chamado a ‘presidir’
a Comunidade na total e sincera disponibilidade interior e existencial. Só
assim o gesto litúrgico adquire o verdadeiro sentido.
Desejo
a todos, de maneira especial aos irmãos padres, que esse exemplo de Jesus nos
dê a disponibilidade para ‘servir amando e amar servindo’.
Dom
Armando