LEITURAS:
At 9,26-31
Salmo: 21/22
1 João 3,18-24
Jo 15,1-8
Caríssimos irmãos
e irmãs,
Uma palavra que se destaca nas leituras que ouvimos nesse V
Domingo da Páscoa é o verbo permanecer.
No evangelho é forte o convite do Senhor: “permanecei em mim e eu permanecerei
em vós” (Jo 15, 4). Essa mensagem é tão importante que Jesus ainda faz uma
comparação para que todos os seus ouvintes possam compreendê-la. Jesus ensina
que assim como os ramos não têm vida e não dão frutos separados da videira, a
comunidade cristã não pode ter vida e dar frutos distante de seu pastor.
Portanto, precisamos permanecer em
Cristo!
Contudo, podemos nos perguntar: o que significa permanecer
com Cristo? Como viver essa ligação verdadeira com o Senhor? Nas leituras,
encontramos pistas importantes.
A primeira leitura dos Atos dos Apóstolos nos mostra que o permanecer com o Senhor significa permanecer
com a comunidade de fé. Na Igreja o Senhor está presente. Precisamos estar
ligados à comunidade apostólica para termos vida e produzirmos frutos. Desse modo, permanecer
com o Senhor não significa uma vida isolada, uma relação intimista. Ainda que
nosso encontro com Cristo seja pessoal, nossa permanência com ele é
comunitária.
Note-se o exemplo de Paulo. Após ser perseguidor dos cristãos
ele se converte. Sua conversão se dá por um encontro pessoal com Cristo. Mas
esse encontro pessoal não faz dele um cristão isolado, ou alguém que anuncia
sozinho o evangelho. Ao contrário, ele é conduzido à comunidade dos apóstolos,
é levado a viver a unidade com os outros seguidores de Cristo. Para permanecermos
com Cristo, não basta senti-lo no coração, é preciso que nos engajemos na
comunidade de fé, na sua Igreja.
A segunda leitura aponta para outra dimensão do permanecer
com Cristo: o testemunho. Para João: “quem observa os seus mandamentos
permanece em Deus e Deus nele” (1Jo 3, 24). Observar os mandamentos significa crer em
Jesus e amar-nos uns aos outros. Assim, permanecer
com Jesus é comungar dos ideais e dos ensinamentos por Ele deixados não só por
palavras, mas com as ações, com a vida. Quem busca, de fato, estar com
Jesus segue o mesmo caminho do mestre e coloca em prática os valores pelos
quais Ele deu a vida na Cruz.
Desse modo, a liturgia nos convida a pensar nossa caminhada
Cristã e respondermos como está a nossa
permanência com Jesus Cristo: somos ramos ligados à videira ou estamos nos
desligando da videira verdadeira? Cabe-nos, por fim, buscar viver cada vez
melhor nosso engajamento na comunidade e a partir dessa pertença, colocar nossa
vida para produzir os frutos da caridade. Assim estaremos cada vez mais unidos
ao nosso mestre, cada vez mais unidos ao ressuscitado, única fonte da
verdadeira vida.
Jandir Silva
3° Ano de teologia