LAUDATO SI’ (LOUVADO SEJAS)

A Encíclica de Papa Francisco sobre ‘o cuidado da casa comum’
Hoje, 18 de junho, o papa Francisco apresenta à Igreja e a todos os que amam a mãe Terra, uma carta – encíclica em que enfrenta, com clareza e coragem, os males que o Planeta está sofrendo, e aponta, profeticamente e com autoridade, o ‘cuidado com a casa comum’ que todos devemos assumir.
O título é tirado de um poema de São Francisco de Assis, o grande Santo (1182-1226), ao qual o nosso papa se inspira no nome escolhido e com seu estilo de vida. São Francisco, com sua profunda espiritualidade e pelo amor ao Senhor Jesus, olhava para todas as criaturas, com olhar puro, transparente e totalmente livre de cobiça pelas coi­sas deste mundo. A partir da sua experiência de amor a Deus, tudo para ele tornava-se belo, um precioso dom de Deus; cada coisa era amada qual ‘irmã’ e motivo de louvação: Laudato si’ (Louvado sejas) é o título – no italiano de São Francisco da Encíclica papal.
Em seis capítulos, o papa desenvolve o assunto, começando - I capítulo - com uma leitura da realidade: “O que está acontecendo à nossa casa”, pergunta-se Francisco. E toca em assuntos – infelizmente – demais conhecidos, isto é, poluição, lixo, cultura do des­cartável. Fala do clima, da água, da perda da biodiversidade. Assim, conclui, a quali­dade da vida humana se deteriorou e, diante dessa dramática situação, as reações são fracas e as opiniões diferentes.
No II capítulo, o papa apresenta O Evangelho da criação. Com grande sensibili­dade espiritual, Francisco convida os que creem no Deus da Bíblia, para refletirem à luz da fé; recorda os grandes contos bíblicos da criação, acentua a comu­nhão universal e a destinação comum dos bens, concluindo com o olhar de Jesus sobre a realidade da nossa Terra.
Com o capítulo III somos conduzidos a uma análise da raiz humana da crise ecológica. As escolhas do progresso ilimitado, sem escrúpulos, procurando só o lucro imedi­ato e de uma parcela da humanidade, conduziram-nos a uma situação alarmante e que não podemos mais ignorar.
O papa Francisco guia, aos poucos, a fazer uma reflexão a respeito da necessi­dade de uma ecologia integralcapítulo IV.  Escreve de ecologia ‘ambiental, eco­nômica e social’, as três dimensões interligadas; continua com a ‘ecologia cultural’ e ‘da vida cotidiana’: ninguém fuja de sua responsabilidade; cada um(a) pode colaborar para melhorar a situação do planeta Terra. De acordo com o ensino social da Igreja, o papa reafirma o ‘princípio do bem comum’ e chama a atenção a respeito da necessidade da ‘justiça entre as gerações’.
Se o problema é grave, urgente e comum, eis a necessidade – urgente – de agir. Por isso, eis que, no capítulo V, encontramos Algumas linhas de orientação e de ação. O diálogo é palavra que retorna: para a política internacional, nacional e local; diálogo e transparência nos processos de decisão; política e economia¸ também, devem dialogar visando a plenitude da vida humana e para todos, e as religiões são chamadas a dialogar com as ciências.
Enfim, VI capítulo, eis algumas respostas muito concretas, exigentes e para todos, debaixo do título: Educação e espiritualidade ecológica. Eis alguns temas: a necessi­dade de adquirirmos um ‘outro estilo de vida’, de ‘educar à aliança entre a humanidade e o ambiente’; de uma ‘conversão ecológica’. As sugestões do papa apontam para a ‘ale­gria e a paz’ que, assim, poderemos alcançar, e de um ‘amor civil e político’ do qual preci­samos. O Santo Padre dedica as últimas páginas para ligar os bens da terra aos Sacra­mentos, e nos conduz até o seio da Trindade, da qual brota a obra maravilhosa da Cria­ção. Termina com um belo pensamento a Maria e duas orações.
Vale a pena, agora, procurar ler, meditar e agir, de acordo com o papa Francisco. A ele, o nosso ‘muito obrigado’ por mais um presente que nos alerta e responsabiliza.

Dom Armando