O que é o tempo?

Para perscrutar os mistérios do tempo é preciso partir do presente, porém é muito difícil defini-lo. Como dizia Santo Agostinho: “se ninguém me pergunta, eu sei; se quero explicá-lo a quem me pergunta, não sei”. Ao longo da história da filosofia, inúmeros filósofos, como o bispo de Hipona, falaram sobre o tempo. Essas reflexões ainda hoje servem de base para pertinentes debates e novas pesquisas. Esta temática pode ser identificada também na obra Matéria e Memória (1896) do filósofo francês Henri Bergson (1859-1941). Nela é possível perceber como a questão do tempo está presente na existência humana, partindo principalmente da sua dimensão mental. Para o pensador, o tempo é o resultado da experiência presente. Isso significa que a duração do tempo é o próprio presente. Essa ideia contrapõe a abordagem científica que parte do aspecto quantitativo, reduzindo o tempo a questões geométrica e espacial.
Entretanto, falar do tempo em nossos dias é um grande desafio. Enquanto presenciamos inúmeras evoluções e avanços nas áreas do saber, recordamos o passado e fazemos planos para o futuro, somos influenciados pela máxima contemporânea “time is money”, direcionando-nos para a lógica capitalista que define a vida a partir da capacidade de produção para aumentar o lucro.
Além disso, não é raro ouvir a expressão “não tive tempo” como justificativa de não aproveitamento das oportunidades ou que não conseguiu cumprir seus afazeres com eficiência.
Nessa perspectiva, observamos como passado, presente e futuro se encontram e se confinam. Para Bergson, o tempo da vida é a duração do presente, ou seja, o que importa é realidade significando a motivação para realizar algo. Trata-se de uma força que impulsiona para o “agora”. Passado é tempo decorrido... já passou! E futuro é que está por vir.
Com efeito, a novidade não está na definição desses conceitos, mas na análise subjetiva que o autor faz. Segundo ele, o indivíduo vive o tempo a partir do critério qualitativo: existem momentos que são fulminantes, outros podem durar uma eternidade. Portanto, a duração do tempo não é consequência de cálculos matemáticos, mas da experiência concreta do indivíduo.
Assim, pensemos na maneira como administramos nosso tempo e priorizamos nossas atividades. É preciso compreender que o presente é um conjunto de sensações e movimentos, ou seja, a própria materialidade da nossa existência. O tempo é basicamente o que é, ou seja, o que se vive.                                                           

Marcos Bento

 1º Teologia