VIDA BANAL E VIDA AUTÊNTICA

Martin Heidegger, considerado como um dos maiores expoentes da filosofia contemporânea, tem seu pensamento marcado por caráter ontológico, uma vez que suas primeiras indagações destinaram-se à solução do problema do ser. Nesse sentido, Heidegger propôs o estudo da fenomenologia do homem, ou seja, o modo através do qual o ser se manifesta.
Adentrando cada vez mais em sua reflexão antropológica, Heidegger apresentou três existenciais através dos quais o homem apresenta traços característicos do seu ser. O primeiro existencial é o ser no mundo, aberto para se tornar algo novo (Daisen); o segundo é a existência que apresenta o homem diante e fora de si, perante suas possibilidades e, por fim, o terceiro, que é a temporalidade, que une a essência com a existência, pois o homem existe por estar ligado ao tempo.
Nesse sentido, fazendo referência à existência do ser juntamente com sua atuação no mundo aberta para as mais diversas possibilidades, Heidegger nos diz que pode haver dois tipos de vida: a banal e a autêntica. Na banal, o homem esquiva-se de suas responsabilidades e se deixa dominar pelas diversas situações. Cabe a esse conceito, também, a ideia de vida pré-determinada. A vida autêntica seria a responsabilidade do homem perante as possibilidades.
O homem, enquanto aberto, é necessariamente livre para escolher perante suas necessidades e circunstâncias, assumindo o papel de construir, momento a momento, situação a situação, a própria história, sendo aberto e procurando os meios necessários e possíveis para o outro ser. Leva vida autêntica quem encara e se angustia perante a morte, como possibilidade de deixar de existir.
Embora o homem esteja ligado às mais diversas circunstâncias, cabe somente a ele o papel de construir e viver a sua vida, assumindo sua existência com responsabilidade e compromisso. Todos nós somos convidados a viver autenticamente, fazendo escolhas e assumindo responsabilidades, considerando, como é interessante notar na filosofia heideggeriana, que a vida autêntica não está desvinculada do cuidado para com o outro ser.
Júlio César
1º Teologia