Salmo
33/34
II
Leitura: Efésios 4,30 – 5,2
Evangelho:
João 6,41-51
Neste domingo, na
oração que dirigimos ao Pai, pedimos que Ele nos confirme e fortaleça na
experiência filial que abraçamos pela fé. De fato, pela graça do Batismo nos
tornamos filhos de Deus. E essa consciência, de que somos filhos, deve estar
sempre presente em nossa vida nos indicando duas direções. Em primeiro lugar, nos revela que não caminhamos sozinhos. Não
somos fruto de um acaso. Nossa vida tem uma origem e tem um sentido. Deus é
nosso Pai, um pai bondoso, que se aproxima de nós e nos ajuda a descobrir o
verdadeiro caminho de liberdade e felicidade.
Essa experiência filial
é narrada na primeira leitura. Elias tem a impressão de atravessar o deserto
sozinho. Depois de um dia de caminhada ele se cansa e desiste. Mas Deus se
manifesta. Mostra para ele que não está só. Ele cuida de Elias, como a um filho,
e o alimenta para continuar a caminhada. Em nossa experiência de fé, é sempre Deus
que nos dá força para caminhar. Se o desânimo nos vêm, precisamos revigorar
nossas energias em Deus que é fonte da vida para seus filhos, confiantes de que
ele nunca cessa de nos alimentar.
Por isso, no capítulo 6
do evangelho de João, Jesus não tem medo de afirmar que Ele é o Pão da Vida. Na
caminhada da Igreja não pode ser diferente: Jesus é nosso alimento, Jesus é
nossa força, Jesus é nosso ânimo, Jesus é nossa alegria! Ele é o pão que todo
dia nutre e dá sentido à nossa vida de oração, aos nossos trabalhos de
pastoral, à nossa vida de comunidade, por mais cansativas ou exigentes que
sejam. Deus como Pai bondoso nos dá seu próprio Filho como alimento na
eucaristia. Nos dá o Espirito Santo como companheiro de jornada.
A
dimensão filial comporta também uma outra consciência. Se todos somos filhos,
somos integrados numa mesma família. Nossa comunidade precisa
ser expressão dessa comunhão. Não basta apenas esperar receber de Deus o
cuidado, a proteção. Como irmãos, temos de nos comprometer com a vida do outro
e com a justiça. Deus não quer fazer tudo sozinho. Ele conta com a nossa
liberdade, com o nosso compromisso de fé. Por mais que as tarefas da unidade e
da caridade sejam muito difíceis ou exigentes, nós somos capazes porque nossa
força vem de Deus. São Paulo é muito consciente disso. Por isso, pede à
comunidade de Éfeso que abandone as atitudes e sentimentos que causam divisão,
discórdia, injustiça. E motiva a comunidade a viver a bondade, a compaixão, a
caridade, imitando o próprio Deus, nosso Pai, que nos perdoa e ajuda. A
consciência de sermos filhos de Deus não é apenas uma descoberta individual,
mas um convite comunitário à vivência do amor fraterno.
Que possamos, com a
celebração de hoje, ter nossos corações inundados da certeza de que Deus é
nosso Pai, um pai bondoso. Mais do que isso, possamos fortalecer em nós a
certeza de que formamos uma família, chamada à comunhão e à caridade.
Jandir Silva