Na busca
pela compreensão de si mesmo, o homem, ao longo dos séculos, elaborou uma série
de conceitos, no intuito de desvendar os problemas existenciais: de onde vim?
Onde estou? Para onde vou? Na Idade Moderna, destaca-se o conceito
antropológico elaborado por René Descartes, pautado na característica
racionalista.
O problema antropológico, surgido
na Grécia, a partir da observação do cosmos e da busca do arché (princípio originário),
desenvolveu-se ao longo dos séculos, alcançando o seu auge na Idade Moderna,
com o antropocentrismo. Nesse momento, o homem é exaltado em sua natureza e
apresentado como o centro do universo e de toda a criação, passando, assim, a
ocupar o centro do pensamento.
Juntamente com a exaltação do
homem e de suas capacidades cognitivas, surge o problema do conhecimento. O que
antes era recebido de maneira passiva, como verdade absoluta, passa a ser
questionado. O indivíduo é colocado na posição de construtor de seu próprio
conhecimento. Juntamente com isso, nasce a necessidade de encontrar um meio
seguro pelo qual se comprove a veracidade da produção elaborada pelo homem.
Buscando encontrar uma forma
segura de conhecer, René Descartes elabora um método que vai ser base para a
ciência moderna, nisso ele formula a antropologia
racionalista, onde afirma que a forma segura para se chegar ao conhecimento
é fazendo o pleno uso da razão. O homem para Descartes é um ser formado por
duas substâncias: res cogitas (pensamento) e res extensa (extensão).
Na obra Meditações Metafísicas, Descartes aborda a relação da res cogitas
(pensamento) com a res extensa (corpo). Em sua antropologia, o pensamento é
exaltado, e, no fim da Sexta Meditação, o corpo é colocado como necessário para
a existência do homem. A idade cartesiana do pensamento é marcada pela
supremacia do Cogito como fonte
inabalável do saber, isso é visível nos neocartesianos como Blaise Pascal.
A
antropologia racionalista, proposta por René Descartes, ao exaltar o uso da
razão para o conhecimento da verdade, impulsiona o homem a aprimorar a sua
capacidade cognitiva, no intuito de conhecer, cada vez mais, a si mesmo e ao
mundo com o qual interage. Assomada a essa concepção cartesiana, temos muitas
outras que, juntas, proporcionam um percurso histórico, revelando a necessidade
que o homem tem de firmar-se, elaborando uma concepção universal que abranja a
compreensão do seu ser.
Júlio César
1º Teologia