A
morte é objeto de análise e estudo do homem em diferentes épocas. Essa
experiência única e irrevogável a qual passamos, trona-se um misterioso tema de
incansável discussão até mesmo no universo filosófico. Quem nunca se questionou
acerca do morrer ao menos uma vez na vida? Ao participarmos de um velório, e
essa é a expressão que acho melhor usar, visto que, participamos realmente
daquele momento, além das piadas costumeiras, que o “animam”, ou até mesmo da
intenção te tomar um café com biscoito, ou ainda, das condolências à família
enlutada, sempre surge uma reflexão profunda relacionada a essa temática. E,
seguindo esse viés, proponho nesse pequeno escrito apontar algumas pistas
reflexivas para, senão compreendermos, ao menos despertar o mínimo de interesse
pelo assunto.
Certo
pensador alemão, afirmava que o homem é um ser para a morte. Podemos, partindo
dessa concepção de Heidegger, iniciarmos um esboço de caminhos que norteiem
esse texto. Primeiramente, analisaremos a morte de um ponto de vista biológico,
assim sendo, parece-me insuficiente, a morte como fim último do ser humano,
pois esse, segundo grande parte dos filósofos, bem como, todas as pessoas
adeptas das religiões, que possui em sua essência um caráter transcendental,
ultrapassa os limites biológicos ganhando, assim, um caráter superior
(transcendente). Todavia, ao que me parece, o pensamento heideggeriano propunha
a morte como algo que esta além de um acaso da natureza, tomando proporções
indeléveis ao homem. Deste modo, o que anteriormente poderia ser pensado como
algo acabado, passa-se a ser pensado como algo próprio do ser humano que não pode
ser negado e que deve ser vivido constantemente.
Hannah
Arendt, contemporânea de Heidegger, contestando essa afirmativa, assegura que o
homem é um ser para a vida. Do mesmo modo que, anteriormente fora analisada a
morte sob dois aspectos, ao fazermos o mesmo com o termo vida, chegaremos à
mesma conclusão. Porém, confrontando o pensamento de ambos os filósofos,
poderíamos cair no erro de apontar um ou outro como verdadeiro, o que seria, em
meu humilde ponto de vista, uma tamanha injustiça. Portanto, cabe aqui buscar
uma conciliação dos dois pensamentos (sabendo que em sua origem isso seria
impossível). Nesse caso, poderíamos apontar o homem como, simultaneamente, um
ser para a vida, como para a morte, desse modo, a afirmação seria analisando o indivíduo
em sua amplitude e com todas as suas potencialidades. Assim, vida e morte se
complementariam, sabendo que uma depende constantemente da outra, pois, se a
cada dia que vivemos caminhamos para a morte, somos impelidos a cada dia a
morrermos para as coisas velhas para constantemente renascermos para o novo.
Pablo Barbosa
2º Filosofia