O filósofo, teólogo e economista, Bernard
Lonergan aborda o “Significado”, que, em sua compreensão, está encarnado em
intersubjetividade, arte, símbolos, linguagem, vida e nos feitos das pessoas. O
modo que ele elege para esclarecê-lo é através da decomposição explicativa de
cada umas das referidas partes.
Por intersubjetividade se compreende a
relação que o sujeito estabelece para consigo, mas antes para com o outro.
Para compreensão desse aspecto, ele evoca o pensamento de Max Scheler que
elaborou a distinção entre (1) a comunidade de sentimento, (2) o sentimento de
solidariedade, (3) o contágio psíquico e a (4) identificação emocional. O
primeiro diz respeito a uma resposta direta ao objeto; o segundo, uma resposta à reação de um sujeito ao objeto; o terceiro à partilha de emoções sem se saber
a causa objetiva delas; e o quarto, que é subdividido em (a) diferenciação não
desenvolvida e (b) regresso diferenciado.
A comunicação intersubjetiva de
significado se sustenta no conceito de percepção que possui uma própria
orientação que empreende seleção da pluralidade de impressões, escolhendo
somente aquelas que possuem um esquema que signifique. Com isso, ele pretende “indicar
a existência de um suporte ou corporificação especial do significado, isto é,
da intersubjetividade humana” (LONERGAN, 2012, p. 77)
Referente a Arte, Lonergan se utiliza do
pensamento de Susanne Langer, que estabelece o seguinte conceito: “[arte:] objetificação de um esquema puramente
experiencial” (In: LONERGAN, 2012, p.
78). Na obra, explica-se o emprego de cada termo, e sua relevância nesse
significado, onde, (1) estrutura é a seleção orgânica que parte do perceber; a (2)
pureza, quando esta seleção exclui ensejos alheios que tornam a experiência
instrumental; (3) experiencial, porquanto seja um desempenho consciente do
sujeito que transforma e é transformado.
Os símbolos dizem respeito a uma imagem de
um objeto, quer seja real ou imaginário, que diz sobre um sentimento ou é dito
por ele, sendo capaz de expressar as tensões internas, conflitos e destruições
que a lógica formal não admite. Sentimentos, por sua vez, dizem respeito a
objetos, outros sentimentos e ao próprio sujeito.
No que diz respeito a linguagem, ela é
entendida como um conjunto de signos convencionais, onde o significado ganha
maior amplitude e libertação, sendo responsável pelo processo de estruturação
do mundo circundante do sujeito. Enquanto isso, o significado encarnado diz
respeito ao modo próprio de ser desse ser, suas palavras, ações e quaisquer
manifestações.
Em sua estrutura, o significado é composto
de elementos, que são: as fontes, os atos e os termos do significado. As fontes
dizem respeito aos atos em consciência, bem como seus conteúdos; os atos se
subdividem em potenciais, formais, plenos, constitutivos ou efetivos e
instrumentais; finalmente, os termos plenos de significados, carecem de
distinguir os distintos campos da existência: transcendente e transcendental.
Finalmente, o significado pode ser
concebido por seus estágios, que são três: o primitivo da linguagem, que não se
coaduna a ideia de essência das coisas que são nomeadas (senso comum); o
segundo, a partir dos gregos e da “descoberta da mente”, que vive entre o senso
comum e a teoria, e, por último, o estágio – que aqui decidimos chamar de –
“científico”, que se pauta em métodos, onde em determinada área da ciência não se
possa encontra melhor especialidade que possa falar naquele assunto específico.
Que cabe à filosofia agora, diante desse
cenário? Lonergan conclui, afirmando que: “A Filosofia encontra seus dados
próprios na consciência intencional. Sua função primeira é promover uma autoapropriação
que chegue às raízes das diferenças e incompreensões filosóficas” (LONERGAN,
2012, p. 114)
Kleber
Chaves
2º Filosofia
REFERÊNCIA
LONERGAN, Bernard.
Método em Teologia. São Paulo: É
Realizações, 2012. (Coleção filosofia atual)