Gn 15,5-12.17-18
Salmo responsorial:Sl 26/27
Fl 3,17-4,1
Lc 9,28-36
Estimados irmãos e irmãs, continuando a caminhada quaresmal,
o segundo domingo nos faz um apelo: escutar o Filho muito amado de Deus!
Na tradição bíblica ouvir a voz do Senhor é a grande virtude
a qual os fiéis são chamados. A primeira leitura nos lembra um grande
personagem do Antigo Testamento que fez essa experiência. Abrão ouviu a voz de
Deus, acolheu o seu convite e por isso o Senhor fez com ele uma aliança. Desse
modo, o pai da fé é um exemplo de escuta da Palavra de Deus e de abertura aos
seus desígnios.
No Evangelho está em jogo quem devemos ouvir.O relato da
transfiguração coloca Jesus junto com dois outros grandes personagens da tradição
judaica: Moisés e Elias. O povo judeu tem grande respeito a esses homens.
Moisés representa a lei e Elias, a tradição profética.As pessoas recorriam a
essas duas fontes para ouvir os ensinamentos de Deuse se orientar na vida.A
presença de Jesus com essas duas figuras,transfigurado nos mostra a sua
importância.Mas não é só isso. A voz vinda do céu apresenta a superioridade de
Jesus. Ele não é apenas um profeta. Ele é o Filho de Deus, o Filho muito amado.
Desse modo, o Evangelho coloca Jesus como a referência maior. A ele devemos
ouvir. Ele é a Palavra eterna de Deus que guia o caminhar dos que buscam a vida
em plenitude.
Assim, nessa segunda semana da quaresma, podemos tomar como
exercício espiritual a atitude de buscar ouvir a Jesus Cristo, ouvir seu
Evangelho. Escutar Deus não é fácil. Primeiro porque muitas vezes não temos o
hábito de dedicar tempo para ler,
meditar e contemplar as Sagradas Escrituras. As vezes até na missa ou no culto
nos distraímos e perdemos a oportunidade de nos alimentar dessa palavra.
Depois, é preciso muita abertura e
sensibilidade para deixar Deus falar. É
necessário calar nossos caprichos, nossas vontades, nossas vaidades, nossas
certezas para escutarmos no profundo do nosso ser o que Deus quer dizer a nós,
o que Ele quer que façamos.
Muitas vezes o que Jesus nos diz, o que Ele espera de nós não
nos agrada, nos causa espanto, medo. Mas somos convidados a ouvi-lo, a acolher
sua voz e a nos entregar ao seu amor. Que a certeza da ressurreição, celebrada
a cada domingo, nos faça confiar cada vez mais em Deus e que no nosso dia-a-dia
busquemos nos orientar pela voz do Filho Amado.
Jandir Silva