Joel
2,12-18;
Salmo
51/50;
2Corintios
5,20-6,2;
Mateus
6,1-6.16-18.
Em
sua sabedoria, a Igreja nos proporciona, a todo ano, um tempo especial para que,
à luz do Mistério pascal da morte e
ressurreição do Senhor, realizemos uma revisão
(o Evangelho, fala em conversão)
de nossa vida. Na liturgia, que abre esse tempo, o apóstolo Paulo escreve: É agora o momento favorável, é agora o dia
da salvação (II leitura).
Retorna
claro e exigente, o convite à conversão.
Sim, porque a todo dia, enfrentamos a tentação de nos
afastar dos caminhos do Senhor. Por isso, eis a necessidade de rever, à luz da
Palavra, o rumo de nossa vida. Quarenta dias de um longo ‘retiro’ para escutar a
Palavra, praticar as boas obras e testemunhar o amor do Senhor.
A
PALAVRA de Deus que abre a Quaresma, neste dia ‘de cinzas’,apresenta -I
leitura –a mensagem de esperança que o profeta Joel dá aos filhos de
Israel, arrasados pela destruição causada por uma invasão de gafanhotos. Nas
palavras do profeta, o sofrimento é visto como um forte convite à conversão. Deus “é benigno e compassivo,
paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo”. O que
aconteceu – e acontece –deve se tornar incentivo para uma mudança de vida. Não
adianta rasgar as vestes, mas é o coração que precisa mudar. Em outras
palavras, a conversão não consiste numa mudança puramente exterior, mas em
rever atitudes e comportamentos, na autenticidade e transparência do coração.
Quaresma
é tempo favorável para essa revisão
sincera da vida. Portanto, cada um(a) encontre um tempo para refletir, à luz da
Palavra e da misericórdia de Deus, e avaliar sua vida, com sinceridade. Com o
apóstolo Paulo eu também convido a todos: “Como
colaboradores de Cristo, nós vos exortamos a não receberem em vão a graça de
Deus” (II leitura).
Então,
o que devemos fazer? Responde o evangelho de Mateus: pratiquem as obras
tradicionais, mas... não para se mostrar. Jesus, no estilo dos profetas,
denuncia uma prática religiosa feita somente para aparecer e exige que o agir
dos discípulos não vise agradar aos homens, mas ao Pai que vê o que está oculto: Ele te dará a recompensa.
Os
hebreus manifestam sua religiosidade e a fidelidade para com Deus – o praticar a justiça - de maneira
especial, por meio de três obras:a esmola,
a oração, e o jejum. Jesus confirma essas práticas, reconhece seu valor, mas
acrescenta um‘porém’: ‘Nada façam para serem
vistos pelos homens. Se não,... Já
receberam sua recompensa’. Nisso aparece a perene novidade do Evangelho,
como, também, a constante tentação que pode prejudicar o nosso agir. Jesus denuncia,
sobretudo, a hipocrisia, isto é, a
mania de querer aparecer, de fazer coisas boas, mas para somente para se mostrar
e pensando em receber elogios humanos: já
perdeu sua recompensa, diz.
Nós
que vivemos na sociedade ‘da imagem’, do aparecer, da comunicação rápida e
fútil, corremos o perigo de esvaziar também a nossa espiritualidade na ilusão
de sermos fiéis à mensagem de Jesus, mas, na realidade, caminhando fora da
trilha por Ele deixada.
Então,
perguntemo-nos: em nossa oração, o
que mais procuramos? Quando ajudamos alguém, por que o fazemos? Quais
motivações sustentam as nossas renúncias (de alimento, de algo que gostamos...)?Como viver a Quaresma para que seja ‘tempo
de conversão’?de algo que gostamos...)?Como viver esta Quaresma para que seja
‘tempo de conversão’?
Dom Armando