QUARESMA 2016 - Quarta feira de cinzas - 10 de fevereiro

LEITURAS:
Joel 2,12-18;
Salmo 51/50;
2Corintios 5,20-6,2;
Mateus 6,1-6.16-18.

Em sua sabedoria, a Igreja nos proporciona, a todo ano, um tempo especial para que, à luz do Mistério pascal da morte e ressurreição do Senhor, realizemos uma revisão (o Evangelho, fala em conversão) de nossa vida. Na liturgia, que abre esse tempo, o apóstolo Paulo escreve: É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação (II leitura).
Retorna claro e exigente, o convite à conversão. Sim, porque a todo dia, enfrentamos a tenta­ção de nos afastar dos caminhos do Senhor. Por isso, eis a necessidade de rever, à luz da Palavra, o rumo de nossa vida. Quarenta dias de um longo ‘retiro’ para escutar a Palavra, praticar as boas obras e testemunhar o amor do Senhor.
A PALAVRA de Deus que abre a Quaresma, neste dia ‘de cinzas’,apresenta -I leitura –a mensagem de esperança que o profeta Joel dá aos filhos de Israel, arrasados pela destruição causada por uma invasão de gafanhotos. Nas palavras do profeta, o sofrimento é visto como um forte convite à conversão. Deus “é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo”. O que aconteceu – e acontece –deve se tornar incentivo para uma mudança de vida. Não adianta rasgar as vestes, mas é o coração que precisa mudar. Em outras palavras, a conversão não consiste numa mudança puramente exterior, mas em rever atitudes e comportamentos, na autenticidade e transparência do coração.
Quaresma é tempo favorável para essa revisão sincera da vida. Portanto, cada um(a) encontre um tempo para refletir, à luz da Palavra e da misericórdia de Deus, e avaliar sua vida, com sinceridade. Com o apóstolo Paulo eu também convido a todos: “Como colabo­radores de Cristo, nós vos exortamos a não receberem em vão a graça de Deus” (II leitura).
Então, o que devemos fazer? Responde o evangelho de Mateus: pratiquem as obras tradicionais, mas... não para se mostrar. Jesus, no estilo dos profetas, denuncia uma prática religiosa feita somente para aparecer e exige que o agir dos discípulos não vise agradar aos homens, mas ao Pai que vê o que está oculto: Ele te dará a recompensa.
Os hebreus manifestam sua religiosidade e a fidelidade para com Deus – o praticar a justiça - de maneira especial, por meio de três obras:a esmola, a oração, e o jejum. Jesus confirma essas práticas, reconhece seu valor, mas acrescenta um‘porém’: ‘Nada façam para serem vistos pe­los homens. Se não,... Já receberam sua recompensa’. Nisso aparece a perene novidade do Evan­gelho, como, também, a constante tentação que pode prejudicar o nosso agir. Jesus denuncia, sobretudo, a hipocrisia, isto é, a mania de querer aparecer, de fazer coisas boas, mas para somente para se mostrar e pensando em receber elogios humanos: já perdeu sua recompensa, diz.
Nós que vivemos na sociedade ‘da imagem’, do aparecer, da comunicação rápida e fútil, corremos o perigo de esvaziar também a nossa espiritu­alidade na ilusão de sermos fiéis à mensagem de Jesus, mas, na realidade, caminhando fora da trilha por Ele deixada.
Então, perguntemo-nos: em nossa oração, o que mais procuramos? Quando ajuda­mos alguém, por que o fazemos? Quais motivações sustentam as nossas renúncias (de alimento, de algo que gostamos...)?Como viver a Quaresma para que seja ‘tempo de conversão’?de algo que gostamos...)?Como viver esta Quaresma para que seja ‘tempo de conversão’?

Dom Armando