A HERMENÊUTICA UNIVERSAL DE GADAMER

Na busca incansável de uma compreensão acerca do pensar e agir humano, destaca-se a preocupação/ocupação da hermenêutica em adentrar nas questões entrelaçadas à dimensão interior do ser, e nesta, faz-se presente a conversação, a qual enfatizaremos neste escrito, debruçando-nos sob o pensamento de Gadamer, e este, por ter sido aluno de Heidegger, inclina-se ao pensamento do seu professor.
A hermenêutica universal de Gadamer está voltada para as ciências do espírito, em que ele rebate as ideias defendidas pelo historicismo e positivismo de que as ciências do espírito para serem classificadas como tal, deveriam criar seus próprios métodos e critérios.
Gadamer defende a ideia de que as ciências do espírito não carecem de ficar presas à métodos e critérios, mas sim, embasadas ao emprego de um tato, que poderá ser compreendida com base na tradição cultural.
Seguindo esse contexto, Gadamer afirma que o historicismo impregnou na hermenêutica a contextualização dos acontecimentos ao seu período ocorrido, caindo assim numa contradição, pois esta, fica presa ao seu tempo. Ele aprofunda o sentido da compreensão, fazendo ligação também à aplicação do entendimento adquirido deste compreender-se, ao passo de afirmar que compreensão e aplicação coincidem, sabendo que a compreensão é a continuidade de um diálogo outrora começado. Contudo, destaca-se a hermenêutica da aplicação: a dialética da pergunta e da resposta.
A linguagem, a partir da conversação para Gadamer, tem sentido de relação do texto com aquele que o realiza, ou seja, um diálogo interior, pois o texto nunca esgota o seu significado e nós não abstraímos por completo todo conhecimento de um enunciado.
Segundo Gadamer, é preciso despertar a história dos efeitos do texto, apoiando-se na leitura de mundo e do horizonte em que se encontra o leitor num contexto existencial; a tradição tem que ser respeitada para não partir do ponto zero, anulando a existência anterior.
Ele enfatiza que a leitura não deve ser feita de maneira circular, mas sim, em espiral, abrindo novos horizontes de interpretação. Gadamer tem como objetivo, a busca da compreensão como participação do leitor no escrito, para assim, ultrapassar o sentido inicial apresentado pela leitura, a auto-compreensão como possibilidade do ser. Portanto, “a verdadeira linguagem jamais esgota o enunciável”.
                                                                                                                         
 Élcio Bonfim
                                                                                                                                   3º Filosofia