1 Reis 17, 17-24
Salmo 29 (30)
Gal 1, 11-19
Lc 7,11-17
Os textos bíblicos deste 10º. Domingo do
tempo comum que nos são anunciados na liturgia da Palavra enchem de uma viva e
alegre esperança a nossa caminhada. É uma Palavra cheia de compaixão, de
misericórdia, dirigida a todo coração enlutado, marcado pela dor da morte e do
pecado. Essa celebração quer marcar, profundamente, cada um de nós, porque as
palavras de Jesus – o Verbo Eterno Encarnado – são dirigidas também a todos nós.
Nas quedas que sofremos no caminho, nos inúmeros sinais de morte que
observamos todos os dias, em meio a tantas correntes que nos aprisionam e roubam nossa vida, surge uma voz profética, uma voz que desce do céu: ‘levanta-te!’.
Deus se nos revela em Jesus Cristo como aquele mesmo Deus libertador que, vendo
o sofrimento do seu povo, se compadece e o liberta de toda a escravidão que leva
a morte. Belo e profundíssimo é o encontro de Jesus com aquela ‘mãe-viúva’ e os
que levam seu filho morto. O encontro é tão renovador que merece que o
escutemos novamente: “Ao vê-la, o Senhor
sentiu compaixão para com ela e lhe disse: ‘Não chore! ’ aproximou-se, tocou o
caixão, e os que o carregavam pararam. Então, Jesus disse: ‘Jovem, eu te
ordeno, levanta-te!” Quão esperançosas são essas palavras a cada um de nós,
pois à humanidade, quando imersa no pecado, Deus manifestou sua salvação.
Certamente, cada um e cada uma tem uma experiência de dor e tristeza, que se
assemelha com a daquela viúva. Certamente, todos os dias, os sinais de morte que
são apresentados pelos meios de comunicação, pelo consumismo devastador, pela
sexualidade liberal e destruidora nos fazem sentir a dor da morte. Mas, Deus, que é fonte de misericórdia e que não fica alheio aos nossos sofrimentos, lança
um olhar de compaixão e abre seu coração misericordioso para nos devolver a
vida e nos consolar. O Evangelho que ouvimos deve penetrar o mais íntimo de cada
coração, fazendo-nos sentir o toque da mão de Jesus de tal maneira que nos leve
a duas atitudes; primeira: a de assumirmos a vida nova que Cristo nos oferece
ao nos tocar com sua Palavra; segunda: a de nos tornarmos missionários da
misericórdia, colocando-nos ao lado dos desvalidos e sofredores, levando a
Palavra do Cristo Jesus que renova todas as coisas e a tudo faz viver. Como o
profeta Elias, precisamos nos deixar ser transformados por essa Palavra, e
transmiti-la aos nossos irmãos e irmãs. Anunciar a Palavra é nos sentir
responsáveis pelos sofredores e tomá-los aos braços, apresentando-os a Deus, suplicando-Lhe
vida plena para todos. É anunciar, ‘os remédios da misericórdia’ que “não é só
um sentimento, aliás, é uma força que dá a vida, que ressuscita o homem! Este
compadecer-se é o amor de Deus pelo homem, é a misericórdia, ou seja, a atitude
de Deus em contato com a miséria humana, com a nossa indigência, com o nosso
sofrimento e angústia: de fato, a mãe tem uma reação muito pessoal face ao
sofrimento dos filhos. Assim nos ama Deus, diz a Escritura. E qual é o fruto
deste amor, desta misericórdia? É a vida! A misericórdia de Deus dá vida ao
homem, ressuscita-o da morte” (Papa Francisco). E assim, tocados pela vida
divina, vamos mundo a fora tocar os corações com esta alegria: “Deus veio
visitar o seu povo”.
Pe. Gonçalo Aranha dos Santos