22º Domingo do Tempo Comum - Ano C

LEITURAS:
Sir 3,19-21.30-31
Salmo 67 (68)
Heb 12,18-19.22-24a
Lc 14,1.7-14

      Irmãos e irmãs, a liturgia deste domingo nos ajuda a refletir sobre alguns valores que acompanham o desafio do “Reino”: a humildade, a gratuidade, o amor desinteressado.
      A primeira leitura (cf. Ben Sira 1,1-23,38) desse domingo, nos fala da “sabedoria” criada por Deus e oferecida a todos os homens. O texto se apresenta como uma “instrução” que um pai dá ao seu filho. O tema fundamental dessa “instrução” é o da humildade. Humildade, como caminho para ser agradável a Deus e aos homens, para ter êxito e ser feliz. Não se trata de uma forma de estar e de se apresentar, reservada aos mais pobres e menos preparados; trata-se de algo que deve ser cultivado por todos os homens, a começar por aqueles que são considerados mais importantes.
     O autor da segunda leitura da carta aos hebreus convida a sermos fiéis à vocação cristã. Para isso, estabelece um paralelo entre a antiga religião (que os destinatários da carta conheciam bem) e a nova proposta de salvação que Cristo veio apresentar. Ele convida os crentes instalados numa fé cômoda e sem grandes exigências a redescobrir a novidade e a exigência do cristianismo; insiste em dizer que o encontro com Deus é uma experiência de comunhão, de proximidade, de amor, de intimidade, que dá sentido à caminhada do cristão. A questão fundamental desse texto e do ambiente que o envolve é nos propor uma redescoberta da nossa fé e do sentido das nossas opções, a fim de superarmos o comodismo e a preguiça que nos levam, tantas vezes, a uma caminhada cristã morna, sem exigências, sem compromissos, que facilmente cede e recua, quando aparecem as dificuldades e os desafios…
      O texto do Evangelho apresenta duas partes. A primeira (vers. 7-11) aborda a questão da humildade; a segunda (vers. 12-14), trata da gratuidade e do amor desinteressado. Ambas estão unidas pelo tema do “Reino”: são atitudes fundamentais para quem quiser participar no banquete do “Reino”. A todos os que quiserem participar desse “banquete”, Lucas recomenda a humildade; ao mesmo tempo, denuncia a atitude daqueles que conduzem as suas vidas numa lógica de ambição, de luta pelo poder e pelo reconhecimento, de superioridade em relação aos outros… Jesus sugere que, para o “banquete do Reino”, todos os homens são convidados; e que a gratuidade e o amor desinteressado devem caracterizar as relações estabelecidas entre todos os participantes do “banquete”.
    Desse modo, o evangelista deixa claro que as relações que unem os membros da comunidade de Jesus não se baseiam em “critérios comerciais” (interesses, negociatas, intercâmbio de favores), mas sim no amor gratuito e desinteressado. Só dessa forma, todos – inclusive os pobres, os humildes, aqueles que não têm poder nem dinheiro para retribuir os favores – aí terão lugar, numa verdadeira comunidade de amor e de fraternidade.