3ª Domingo do Tempo Comum - Ano A

LEITURAS:
 Is 8,23b-9,3
Sl 26(27),1.4.13-14 (R: 1a)
1Cor 1,10-13.17

Mt 4,12-23
      O povo que andava nas trevas viu uma grande luz (Is 9, 2), assim o profeta Isaias sintetiza a maravilha da manifestação salvadora de Deus na vida do seu povo. A luz lembra tanto Deus que ilumina a humanidade, como pessoas ou fatos que Deus utiliza para orientar as pessoas em Sua busca. Ao ver a luz, deixando-se orientar por ela, Israel se enche de alegria, porque o jugo que lhe pesava pela opressão dos povos vizinhos começa a aliviar, na esperança da chegada de um novo descendente de Davi. O salmista reafirma que a experiência da luz de Deus não é isolada, mas se repete na história. Por isso não há o que temer, podemos esperar confiantes. Não uma espera qualquer, antes uma espera ativa, que nos dá força, nos faz caminhar com entusiasmo para um futuro que não nos amedronta mais, pois nele também Deus está e nos espera. Esta é a segurança dada por Deus.
            Na carta aos Coríntios Paulo nos lembra que mesmo fazendo a experiência da salvação, da luz de Deus, podemos ofuscá-la a ponto de não enxergarmos mais o verdadeiro rosto de Deus, pois acabamos de substitui-lo pelo rosto, de uma ideia, de um líder, de nossas próprias convicções. O resultado disto é a divisão. Algo vivido pela comunidade de Corinto. 
São Paulo reagiu energicamente será que Cristo está dividido? (1Cor 1,13a). Se Cristo fosse dividido, a Igreja de Corinto ia se desfazer. E a Luz que Cristo trouxe se apagaria. Cada líder de cada grupo pretenderia ser uma luz para seus seguidores. Paulo pede aos Coríntios para voltarem ao centro de sua fé: será que foi Paulo foi crucificado por vós? Será que foi em nome de Paulo que fostes batizados? Não se esqueçam que foi por Cristo que fostes salvos, ele é o verdadeiro guia.
            A luz não está na ciência, não está nos famosos, não está nos que têm o poder político, econômico ou social! A Luz é Cristo! Só ele nos ilumina, só ele nos revela o sentido da existência, só ele nos mostra o caminho por onde caminha. Ser cristão é crer nisso, é viver disso. Quem compreende isso não precisa correr ora atrás de um, ora atrás de outro, de quem é mais sábio. Não precisa criar divisões e facções. Pode encarar com amor e compreensão tudo o que é humano. Desde que ele pertença a Cristo, que é de Deus (1Cor 3,23).
            Por fim o evangelho Jesus nos lembra que para que a sua luz permaneça é preciso trilhar um caminho constante: “Convertei-vos, porque o reino dos céus já está perto”. Jesus nos exorta porque sabe que também nós andamos em trevas, entregues à nossa vontade e aos nossos pensamentos, se não nos libertamos de nós mesmos, não conseguiremos acolher o Reino dos céus. Não nos iludamos! Não pensemos que somos maduros a ponto de sempre julgarmos termos a melhor opinião, defender a verdade! Somos, nós também curtos de entendimento, pecadores duros e teimosos. Nosso coração é cheio de tantas paixões e tantas cegueiras.
Por isso, permitir que o Senhor dissipe nossas trevas, é um trabalho exigente, um processo que dura todo o nosso caminho neste mundo. Jamais estaremos totalmente convertidos, totalmente iluminados. Peçamos então ao Senhor que a sua luz nos inquiete, nos retire o tempo todo de nossas buscas por aceitação, controle e nos faça cada dia mais acolher integralmente a sua graça, fonte de graça também para compreendermos o tempo de cada um, para podermos continuar a caminhar juntos, como povo cada vez mais de Deus.
Adriano Bonfim Pereira