30. A CÁTEDRA OU CADEIRA A Sede da Presidência

Com o altar e o ambão, a cátedra ou cadeira de quem preside a Assembleia litúrgica é o terceiro lugar essencial do presbitério de uma igreja. Cátedra quer dizer ‘assento no alto’ e se refere, antes de tudo, à cadeira do bispo em sua igreja catedral, igreja-mãe de todas as igrejas da diocese. Na ordenação do bispo, quando em sua igreja catedral, gesto muito significativo é a tomada de posse da sua cátedra. Desde este lugar, o bispo ‘olha do alto’ (epí-scopos, em grego) o seu povo. Ele é chamado a ensinar como Jesus que, subiu a montanha e, sentado, ensinava (cf. Mt 5,1).
A Instrução Geral do Missal Romano (IGMR 310) escreve que “a cadeira do sacerdote celebrante deve manifestar a função deste de presidir a assembleia e dirigir a oração”. Diz-se que o “lugar mais apropriado para esta cadeira é de frente para o povo no fundo do presbitério”, ao menos que alguma dificuldade não sugira outra disposição. Somente precisa evitar que “a demasiada distância dificulte a comunicação entre o sacerdote e a assembleia” (ib.). O primeiro documento depois da Constituição Sacrosanctum Concilium (Inter Oecumenici, n. 92), recomendava: “Evite-se toda espécie de trono”.
De fato, no passado, esta cadeira era chamada também de trono, recordando a visão do profeta Ezequiel (1,26) como também Apocalipse (3,21; 4,2-3: havia no céu um trono e, no trono, alguém sentado... um arco-íris envolvia o trono...). É bom lembrar que toda celebração nos faz participar da assembleia celeste (cf. Ap 22,1); a liturgia encontra nisso sua força e sua finalidade.
Presidir a assembleia pertence, antes de tudo, ao bispo e aos presbíteros em suas funções específicas. O ato de presidir já se encontra no que escreve São Justino mártir, (meados do II século), em sua Apologia (I,67). Quem preside fala e age em nome de Cristo e com sua autoridade. SC 7 afirma que “Cristo está presente no sacrifício da Missa, na pessoa do ministro”. Podemos acrescentar que leigos e leigas que presidem o culto em suas Comunidades também representam Cristo que, por meios deles, continua anunciando a Palavra.
O nosso Guia litúrgico-Pastoral, inspirado na IGMR, recomenda que “a cadeira do presidente nunca esteja isolada, sozinha, mas ladeada pelos assentos dos concelebrantes, diáconos e demais ministros. Convém que, antes de ser destinada ao uso litúrgico, se faça a sua bênção”.
A cadeira presidencial ou sede é o lugar onde quem preside acolhe o povo, proclama as orações, entoa o Hino de louvor e o Creio, introduz e conclui as preces dos fiéis e pode fazer a homilia (este é o lugar mais apropriado se a sede for bem colocada).
A função litúrgica encontra sua continuidade na vida da Comunidade. Quem preside a liturgia é chamado a continuar esse serviço na vida da Comunidade toda, com coerência e fidelidade. Recordamos a dura palavra do Senhor: Os escribas e fariseus sentaram-se no lugar de Moisés para ensinar. Portanto, tudo o que eles vos disserem, fazei e observai, mas não imiteis suas ações! (Mt 23,2-3). Portanto, não basta ocupar o lugar da presidência. São Paulo recomendava: Quem preside, presida com solicitude (Rm 12,8), isto é, com dedicação, amor e competência. E ainda: os presbíteros que dirigem bem a comunidade sejam distinguidos com dupla remuneração, principalmente os que se dedicam à pregação e ao ensino (1Tm 5,17).
A liturgia orienta sempre a vida e a vida confirma a autenticidade do celebrar.

Dom Armando