Js 24,1-2a.15-17.18b
Sl 33
Ef 5,21-32
Jo 6,60-69
“Simão Pedro respondeu: ‘A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna.’” (Jo 6, 68)
A liturgia deste domingo nos remete à profissão de fé. Professar a fé significa dizer sim a adesão de amor que fazemos livremente diante de Deus e dos participantes da comunidade, este gesto tão rico em significado, nos ajuda a refletir quanto às nossas práticas religiosas, bem como ao testemunho que damos desta mesma fé àqueles que mantemos contato. Neste gesto de doar inteiramente o coração em prol do projeto divino, percebemo-nos cada vez mais participantes de seu mistério de amor.
Não é pelo fato de muitos discípulos o abandoarem julgando ser suas palavras “muito duras”, que Jesus deixa de proclamar a verdade, certamente aquilo que o Mestre dizia causava um grande desconforto naqueles que o ouvia, afinal, a verdade, às vezes, nos tira de nossa zona de conforto exigindo uma melhora que dói, o discurso de Jesus provavelmente não era diferente, transpassava a consciência a ponto de exigir uma mudança radical. Ora, a profissão de fé de Pedro, narrada pelo evangelista, permite-nos sentir a intensidade daquilo que o Cristo falava, ou seja, “palavras de vida eterna”. Esta vida que emana da boca de jesus e que Pedro confessa experimentar, vivifica toda a humanidade que confessa a mesma experiência salvífica.
Na primeira leitura, o povo de Israel professa sua fé no único Senhor recordando a libertação da escravidão no Egito. A experiência vivificante que os israelitas expressam mostra o amor de Deus agindo em toda a história da salvação, o que outrora era recordado pelo povo, em Jesus se cumpre plenamente, isto é, a morte não tem poder nenhum sobre aqueles que decidem pela firmeza da Palavra que se fez carne e vive entre nós. Essa aliança de amor é exaltada pelo apóstolo Paulo na segunda leitura, mostrando que desde o seio familiar podemos sentir o amor eficaz de Deus que configura nossos relacionamentos ao amor de Cristo pela Igreja.
Esse mergulhar no mistério divino que cada liturgia nos convida nos impele a refletir e meditar acerca da autenticidade de nossa profissão de fé. Será que conseguimos, como o escritor sagrado nos canta, “provar e ver a suavidade do Senhor”? A grandiosidade de nossa resposta seguramente não está em palavras vazias de sentido, está, sobretudo, na capacidade de guardar essa “Palavra Viva” no coração e permitir que ela frutifique.
Pablo Barbosa do Prado – 2° ano de Teologia