30º Domingo do Tempo comum - Ano B


1° leitura: Jr 31, 7-9
Salmo: 125
2° leitura: Hb 5, 1-6
Evangelho: Mc 10, 46-52

 “Os que lançam as sementes entre lágrimas, ceifarão com alegria.” (Sl, 125, 5)

O itinerário do discipulado é um dos enfoques da liturgia deste 30° Domingo comum. Nessa perspectiva, podemos observar, dentre tantos outros, três elementos significativos nas leituras bíblicas que confrontam nossa profissão de fé com os atos exigidos por essa mesma proclamação, primeiramente a certeza da presença de Deus em nossas vidas, em segundo lugar, o desapego às honrarias por causa do serviço prestado e, por fim, a nossa abertura para a disponibilidade da missão. Ora, a Sagrada Escritura nos interpela de tal modo que procura aproximar, coerentemente, nossas palavras e ações. 

Eis que na primeira leitura vemos as marcas de um povo dividido, chagado, enfraquecido. No entanto, a esperança nunca os abandona, Deus está sempre pronto a dar vida àqueles que dele se aproxima, por mais que as lágrimas os acompanhe, o Senhor os conduzem seguros, por um caminho reto, como um pai cuidadoso que não descuida de seu filho amado. Este é o desejo divino para o povo, que ele nunca perca a esperança e igualmente não se feche aos seus desejos egoístas esquecendo sua identidade coletiva.

O cego, descrito pelo evangelista Marcos no caminho de Jericó, retrata o discipulado daqueles que realmente desejam seguir o Cristo. Eis que ele proclama: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” (Cf. Mc 10, 47) essa profissão de fé movia aquele homem ao ponto de, num salto, despojar-se de tudo o que tinha para ir até Jesus. Quão maravilhosa é essa verdade: reconhecer que somente o Messias é capaz de fazer com que o ser humano enxergue plenamente.

A exigência do autor sagrado na segunda leitura é referente ao desapego às honrarias muitas vezes fruto de um ministério que não tem o Cristo como foco. O serviço aos irmãos é o sentido de todo ministério na Igreja e deve ser exercido sem desejo de atrair pata si “holofotes”. Nosso labor deve evidenciar única e exclusivamente aquele que é a causa primeira da missão da Igreja, Jesus Cristo. Eis um desafio grandioso de um tempo caracterizado pela necessidade de autopromoção, sermos filantropos anônimos.  

É tão triste perceber, em nossos dias, que a mesma profissão de fé que fora capaz de trazer a luz àquele homem, professada hipocritamente, imerge inúmeros homens e mulheres em trevas horrivelmente densas. A desafiadora realidade atual exige do discípulo uma volta às fontes de sua fé, um retorno ao amor primeiro. É urgente ao cristão por seu coração no coração do Cristo e sentir o pulsar de amor capaz de transformar uma realidade de morte, vingança e ódio em espaço de acolhida e sincero perdão que gera vida. Só assim as cegueiras contemporâneas vão se dissipando e conseguiremos enxergar a face do Amor. 

Pablo Barbosa do Prado
2° ano de Teologia