CAFÉ FILOSÓFICO: O MEDO EM UMA VISÃO FILOSÓFICA

Você tem medo?
Por que sentimos medo?
Qual a origem do medo?
 O Medo tem uma ligação direta com a angústia. Depois de ter delineado os estados fundamentais da existência, o filósofo Kierkegaard aprofundou os conceitos de angústia e desespero. A angústia, como Kierkegaard exprime em O conceito de angústia, é entendida como relação do eu com o mundo. Neste caso, o medo é derivado dessa angústia, angústia esta das possibilidades. Pois é possível morrer, adoecer, perder o emprego, é possível se divorciar, perder um ente querido entre muitos outros. Com essa angústia o medo surge e, evidentemente, se transforma em dor caso venha a se realizar. Vamos aprofundar esse assunto com as teorias de alguns filósofos mais abaixo.
O Medo em Jean Paul Sartre
 Jean Paul Sartre, filósofo existencialista também define dois tipos de medo: o medo real, por exemplo, uma pessoa vem andando e repentinamente depara-se com uma cobra em posição de ataque, então surge o medo real, contudo, após uns minutos já livre do perigo a pessoa começa a pensar que a cobra bem que poderia tê-lo mordido, injetado veneno letal, então surge um sentimento de angústia. Portanto, qual a diferença entre o medo krinamurtiano e sartriano? Com relação ao medo no agora, sem pensamento não existe diferença, mas entre o medo psicológico e a angústia de Sartre existem pontos comuns como ação do pensamento na formação do medo. Não obstante as similaridades, existe um fator diferenciador que é angústia não apenas medo elaborado, mas a certeza permanente de que um dia vai deixar de existir, a certeza da finitude sem Deus, assim, a meu ver os dois sábios dizem a mesma verdade com linguagem diferenciada, mas, ambos estão falando da mesma coisa: A fragilidade humana perante a existência.
O Medo segundo Baruch Espinosa.
Dessa forma, vemos que para Espinosa o homem é inconstante, maleável, incapaz de ser o que é. A situação de conforto ou de riqueza traz ao homem sabedoria, força e coragem que são características importantes no homem e que o guiam em suas decisões e projetos. Entretanto, estes mesmos homens que jamais aceitariam opiniões em tempos de fortuna, na adversidade se apegam a todo o tipo de conselhos. Tornam-se religiosos do dia para a noite, enchem os bancos das igrejas louvando e cantando a Deus, o motivo da conversão? O medo. A possibilidade da penúria, da tristeza, da falta no lugar da abundância fazem os homens procurarem de tudo e colocarem a culpa em qualquer coisa, uns dizem: “É coisa do demônio!”, outros: “É um espírito maligno!”. Um exemplo disso são as igrejas que prometem a mudança, a riqueza ou então pais de santo que desfazem qualquer amarração, que trazem a pessoa amada em “2 dias!”. Tais slogans atraem os desesperados, sedentos por uma solução divina para seus medos.
O medo para Espinosa é a causa que origina, conserva e alimenta a superstição. Os homens, em sua grande maioria procuram a Deus não por causa Dele, mas sim para conservar suas vaidades e perdem, dessa maneira, uma oportunidade valiosa de serem melhores através da ação de Deus. Mas não, todos estão em busca de um milagre que é a solução dos problemas. Isso é o que me dá medo!

Jardel Almeida
1º Ano