CAFÉ FILOSÓFICO: FÉ E RAZÃO EM DUNS ESCOTO.


Notório intelectual da Idade Média o frade franciscano João Duns Escoto, nasceu por volta de 1265 a 1266 no povoado de Duns, na Escócia, foi formado e assim trabalhou em Oxford e Paris. Escoto recebeu o habito franciscano com quinze anos, e, dez anos mais tarde foi ordenado sacerdote.

O pensamento do Doutor Sutil tem por principal objetivo a defesa da fé cristã, mas, suas obras também abrangem de forma contundente e explicativa a Metafisica, presente em seus principais escritos. Dessa forma o pensamento deste Filosofo-Teólogo caminha em busca de sustentar respostas para a relação, (ou não) entre fé e razão, e também a possibilidade de defender racionalmente a necessidade de todo indivíduo possuir religião, questões estas que caracterizaram as áreas de abrangências dos pensamentos dos mais notórios intelectuais da Idade Média.

Duns Escoto não apresenta a fé e a razão como matérias adversas e contraditórias ou que exista duas verdades, ele considera, no que diz respeito a questão da fé, a razão não tem abrangência, pois a fé enquanto ciência transcendental não carece de fundamentação racional. Ele “apresenta que o objetivo próprio da teologia é Deus enquanto Deus; o da filosofia, e mais especificamente, o da metafisica – que é a coroa –, é o ser enquanto ser”. (LAET, Savio APUD GILSON, Etienne). Assim “Nada do que é demonstrável pela razão é revelado por Deus, e nada do que é revelado por Deus é demonstrável pela razão, salvo, é claro, a partir da revelação”. (LAET, Savio APUD GILSON, Etienne)
Para provar que o homem carece de auxilio sobrenatural Escoto elabora provas que exprimem a necessidade da revelação, que se furta basicamente da reflexão sobre o fim. Na primeira prova o Doutor Sutil diz que a razão não pode ter o conhecimento da determinação do fim do homem, “pois em sua experiência presente nada encontramos que nos permita concluir que a visão beatífica é nosso fim, ou que ela pode convir eternamente ao homem enquanto tal” (BOEHNER, Philotheus e GILSON, Etienne, 2000). Já no segundo argumento, ele considera que a filosofia desconhece as condições -meios- necessários que nos conduzem para o fim.
E concluindo, Duns apresenta a última prova que considera que o homem não pode viver sem o transcendente, pois, pela razão não é possível se atingir o conhecimento de características do mundo espiritual e assim do divino ou seja “aquelas propriedades das substancias espirituais que de algum modo lhes são comuns com o mundo sensível”. (GILSON, Etienne). Em suma, Duns Escoto não está desacreditado no valor da condição humana, ao contrário, ele concede a esta a possibilidade ou a capacidade de elevar-se a uma perfeição superior. 
José Adriano
3º Ano