26° Domingo do Tempo Comum - Ano C

LEITURAS:

      Am 6, 1a.4-7
      Sl 145;
      1Tm 6,11-16
      Lc 16, 19-31

“Em todo o caso, estamos persuadidos, e todos concordam nisto, de que é necessário, com medidas prontas e eficazes, vir em auxílio dos homens das classes inferiores, atendendo a que eles estão, pela maior parte, numa situação de infortúnio e de miséria imerecida” (Rerum Novarum, 2).

Ao celebrarmos o 26° Domingo do tempo comum, nos deparamos com duas realidades humanas: vida e morte. Nesse sentido, as leituras nos apontam três características fundamentais para compreendermos melhor tais realidades, bem como a proposta salvífica de Deus para o homem. A dignidade humana, a saída da zona de conforto e a responsabilidade ética envolvem toda a mística celebrativa desta liturgia.

O primeiro aspecto a ser levado em consideração é quanto a posição que o autor sagrado coloca Lázaro. Nos relata o evangelista: “um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, estava no chão à porta do rico” (Lc 16, 20). Eis que estamos diante de um homem chagado, que perdera toda sua dignidade e não encontra ninguém que o ampare. Esse personagem é o protótipo de uma imensidão de pessoas que vivem marginalizados nas periferias físicas e existenciais da nossa sociedade. É essa realidade de morte que precisamos enfrentar como Igreja para devolver a esses homens e mulheres a dignidade e tirá-los do “chão”.

Em um segundo momento, o profeta Amós exorta o povo que saia de sua “zona de conforto” e se sensibilize com o perigo iminente que o ronda. Quantas lições podemos aprender com esse texto! Uma delas é que “o mundo não gira em torno de nós”, e como diz Shakespeare: “Depois de algum tempo você... aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências”. Nessa perspectiva, surgem algumas perguntas: o que é necessário fazermos para sermos heróis anônimos? Quais as consequências que devemos enfrentar para construirmos um mundo melhor? Certamente o primeiro passo é sairmos da comodidade que nos aprisiona. 

Todo o supracitado desemboca no compromisso ético. A admoestação que Paulo faz a Timóteo no início da leitura lança luzes para a nossa realidade, ou seja, ser afável diante de tanta perversidade, justo perante as inúmeras injustiças que nos permeiam, piedoso frente às crueldades que presenciamos, fiel contrapondo a cultura da infidelidade, amar numa sociedade que ensina a odiar o diferente, enfim, o Evangelho nos orienta para a contramão dos desvalores e da cultura de morte e nos remete a um cenário de vida e comunhão. 

Pablo Barbosa do Prado
3° ano de Teologia