Na
Constituição Sacrosanctum Concilium (SC)
sobre Liturgia, do Concílio Vaticano II (1963), se pede:
“Restaure-se, para
depois do Evangelho e da homilia, a oração comum ou dos fiéis, principalmente
nos domingos e festas de preceito” (SC 53). Na liturgia romana, esta oração,
até então, era feita só na sextafeira santa.
A
Instrução Geral do Missal Romano (IGMR)
escreve que nesta oração “o povo responde de certo modo à Palavra de Deus
acolhida na fé e exercendo a sua função sacerdotal”. Retomando SC, a Instrução orienta a respeito dos
conteúdos dessa oração, e pede que “se reze pelas necessidades da Igreja, pelos
poderes públicos, pelos que sofrem qualquer dificuldade, pela comunidade local”.
Em celebrações especiais, as preces “podem referir-se mais explicitamente
àquelas circunstâncias” (IGMR 70). Mais uma recomendação: “As intenções
propostas sejam sóbrias, compostas por sábia liberdade e breves palavras
expressem a oração de toda a comunidade” (ib. 71).
A liturgia da Igreja é uma grande escola de oração. O
respiro dessa oração é dado pela Palavra de Deus que foi proclamada, com a qual
entramos na história da salvação de Deus. O modo do povo da Bíblia agradecer e
louvar a Deus consiste em lembrar tudo o que Ele fez em sua história.
A Palavra proclamada é sempre uma luz que ilumina as
nossas vidas! Eis, portanto que, dos corações dos fiéis, brotam sentimentos e
palavras de agradecimento e louvor, junto com súplicas, como também angústias,
dores e desejos.
A
vida toda, com suas diferentes situações, entra – deve entrar – na oração. Os
salmos nos educam nesse sentido, e Jesus, de forma essencial e profunda, ainda
mais nos ensinou um estilo de oração que parte da vida e a ela retorna.
Na
prática a Oração universal ou dos fiéis é introduzida por quem preside a
celebração e as intenções são proclamadas, normalmente do ambão ou de outro
lugar apropriado (também da igreja, quando se de pequena dimensão) por uma
pessoa (ou mais). Apresenta a intenção da prece à qual a Assembleia responde,
com uma invocação, proclamada ou cantada ou com um momento de silêncio orante:
desse modo, a prece torna-se expressão da inteira Comunidade.
Nossas
preces são apresentadas ao Pai por meio de Jesus, no Espírito: Jesus é o Grande
Intercessor! Com Ele nós formamos um só corpo. Então, na oração da Igreja é o
mesmo Cristo que ora ao Pai e, como escreve São Paulo aos Romanos, o Espírito
vem “em socorro de nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir nem como pedir;
é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis. E
aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito, pois é de
acordo com Deus que Ele intercede em favor dos santos” (Rm 8,26-27).
Finalizando
esta breve reflexão, é oportuno avaliar: como são proclamadas as preces em
nossas Comunidades? Com poucas exceções, este momento de criatividade
litúrgica, tantas vezes é desperdiçado. As preces devem (deveriam) brotar da fé
e dos corações das pessoas que vivem numa Comunidade concreta. Mas, quase
sempre, são lidas nos folhetos que oferecem textos até bonitos, porém distantes
da vida da Comunidade celebrante. Os subsídios podem orientar, mas não tiram a
responsabilidade da Assembleia – sobretudo dos que animam a liturgia - de
expressar orações preparadas ou espontâneas; essas, porém, não com estilo
individualista, sentimental ou, pior, para dar recados. Para melhorar e viver
intensamente também esse momento litúrgico é preciso ‘aprender a orar’. O
Senhor nos ensine a orar! Para nós cristãos, a Igreja, sobretudo por meio da
Liturgia, é a principal educadora no espírito e estilo de oração.
Dom
Armando