A
celebração da Eucaristia visa fazer dos fiéis reunidos, a Comunidade dos
discípulos e das discípulas do Ressuscitado. Por isso, a comunhão é o ponto de
chegada de toda celebração. Não só a comunhão eucarística, com o Corpo e Sangue
do Senhor, mas a dilatação dos corações de todos que se reúnem no nome do
Senhor. Ao redor da mesa eucarística, depois de terem sido iluminados pela ‘Palavra
da Salvação’, os cristãos são chamados a entrar na dinâmica do seu amor, pela
força da Graça divina.
Então,
eis que a apresentação das oferendas é gesto que expressa partilha da vida e
dos bens, gesto que diz unidade e fraternidade, solidariedade e comunhão entre
os membros da Igreja. Tudo isso, num clima de alegria e festa. O canto, neste
momento, deve expressar estes sentimentos e alimentar as convicções próprias da
fé. Mas, o canto, sozinho, não é suficiente; o gesto concreto de oferecer algo
– do próprio trabalho, das fadigas vividas ao longo da semana - manifesta o
amor e a solidariedade que anima e sustenta a vida dos que seguem Jesus.
Observemos
um pequeno rito que o Presidente da celebração faz; ele coloca algumas
gotas de água no vinho, dizendo: “Pelo mistério desta água e deste vinho,
possamos participar da divindade do vosso Filho que se dignou assumir a nossa
humanidade”; essa água simboliza a humanidade toda e as diferentes dimensões do
ser ‘humanos’. Por meio de Cristo, Filho de Deus e nosso Salvador, temos acesso
ao Pai no Espírito. Nossas vidas e a humanidade toda são acolhidas, resumidas e
levadas à plenitude por Jesus. Por meio d’Ele temos acesso ao Pai, entramos na intimidade de Deus. Em toda Eucaristia,
vivo sinal de vida e comunhão, celebramos a presença de Deus que se torna humano
em Jesus; Ele, pela ação do Espírito, chama-nos a participar de sua vida
divina.
A
‘apresentação das oferendas’ termina com um convite: “Orai, irmãos e
irmãs”! Lembra-se do sacrifício que
hoje a Igreja celebra fazendo memória do sacrifício
de Cristo do qual emana o que nós hoje realizamos. “O nosso sacrifício seja
aceito por Deus Pai”: isso é possível a partir do sacerdócio comum dos fiéis! De
fato, todos na Igreja pertencem a um povo
sacerdotal pelo fato de que Cristo, na ação litúrgica, associa a si mesmo
toda a Igreja, sua amada esposa!
Agora
a santa Ceia pode começar; na mesa tudo está preparado; encontra-se o ‘fruto da
terra e do trabalho humano’, o dom de Deus e a colaboração humana. Cada
elemento nos fala da bondade de Deus que veio e vem ao nosso encontro,
acolhendo o que nós podemos fazer e multiplicando, com divina generosidade, o
pouco que lhe apresentamos.
Quem
preside reza mais uma oração - ‘sobre as oferendas’- com a qual confirma
que a vida toda do cristão deve ser oferenda de si a Deus, porque a vida a Deus
pertence. Agradecer, com Cristo, é sinal de fé e empenho para tornar a nossa
existência cotidiana dom e serviço de amor.
Observo,
enfim, mais uma vez, a estreita unidade entre liturgia e vida. A beleza e
riqueza da celebração incentiva a viver com maior intensidade a celebração
mesma, e essa se torna fonte de vida nova e renovada.
Dom
Armando