Em
nossa última ‘Coluna’, afirmava: “O símbolo manifesta nossa fé no Mistério que
a liturgia celebra”. De fato, a liturgia é o lugar, não exclusivo, mas por
excelência, em que os cristãos proclamam a sua fé e fortalecem sua opção por
Jesus Cristo. Um antigo autor dizia que “a fé da Igreja se define pela lei do
orar”, isto é, na oração a Igreja manifesta a sua fé. A liturgia, em suas
diferentes expressões – orações, leituras, cantos, respostas etc. – diz, em
alta voz, o que crê, o que espera e o que ama. O ambiente do culto é o lugar em
que se toma consciência da realidade de Deus e da presença das obras divinas.
As expressões da fé que usamos, transmitidas de geração em geração, permitem
que nós hoje possamos ‘fazer experiência’ do mistério de Deus em nossa vida.
O
símbolo respira numa atmosfera de oração. Também se contém expressões de
profunda teologia é, sobretudo, ação de graças e de louvor. O ponto de partida
da confissão de fé é a contemplação das maravilhas de Deus com a ressonância
que acontece no coração dos fiéis e da comunidade por tudo o que o Pai fez por
nós e pela nossa salvação; por isso, dos nossos corações, saem o louvor e a
celebração da sua glória.
A
longa história de salvação que Deus leva à plenitude tem seu núcleo central no
mistério pascal de Cristo; razão do agradecimento e da nossa alegria. Por isso,
todo cristão deve manter-se aberto e atento a tudo o que Deus continua
realizando em sua vida, e colocar-se em atitude de escuta da Palavra que conta
as maravilhas que Deus fez, desde a criação, até a santificação, passando pela
redenção que o Filho operou, para chegar à vida da Igreja hoje. De fato, é a
Igreja que, fecundada pela presença do Espírito, anuncia e atualiza essa obra
de Deus. Na escuta da Palavra, o cristão amadurece a consciência do que Deus
fez em seu favor, e a confissão de fé brota como hino de louvor.
“A
glorificação se consolida na profissão de fé, que se torna a declaração, por
parte dos fiéis, da sua adesão ao mistério da salvação e o sinal da sua
fidelidade à contínua oferta de amor por parte do Pai, a fim de manter sempre
viva e vital a aliança na páscoa do Senhor”.
A
liturgia é ‘guardiã’, por excelência, da fé da Igreja e, ao mesmo tempo, ‘conservadora’
da fé pascal; nela, a confissão da fé é, também, celebração da mesma, e
expressa a vontade de viver sob o senhorio de Cristo. Com a profissão da fé que
veio dos apóstolos e primeiros companheiros de Jesus, todo cristão ressalta sua
vontade de estar na mesma caminhada de fé, renovando-a e querendo vivê-la em
sua vida cotidiana.
Eis porque, quando a
missa termina, temos muitas razões para seguirmos nossa vida segundo os
ensinamentos e o exemplo de Jesus. Por isso, devemos sempre vigiar e orar para
que a fé que professamos seja, sempre mais, parecida com a fé que testemunhamos
em nossa vida cotidiana.
Dom Armando