Estamos refletindo sobre a Oração Eucarística (OE), ponto alto da celebração da Missa;
ela exige uma maior e sempre melhor compreensão.
A OE começa com um diálogo entre o
Presidente da celebração e a Assembleia: O
Senhor esteja convosco! Poderíamos traduzir, de maneira mais fiel: “O
Senhor está convosco”. Juntos – a Assembleia
e quem preside, - elevam a Deus o coração e a mente, numa atitude de atenção e
de fé. Agora a oração é dirigida ao Pai, junto com Jesus, no Espírito. O que
estamos fazendo com essa Oração, expressa um nosso dever e é fonte de salvação.
De verdade, dar graças é algo bom e justo, é o sentido, o respiro e o
fim da vida cristã. Essa abertura da grande OE é chamada de prefácio. Pode significar oração que
introduz, mas, também ‘oração diante
da Comunidade reunida’.
Nas diferentes ‘famílias litúrgicas que
nasceram ao longo da história da Igreja, encontram-se muitíssimas dessas expressões
de ‘abertura’ para louvar e agradecer a Deus. O dar graças manifesta a natureza da OE. Jesus, na última Ceia,
depois de ter dado aos discípulos pão e vinho em sinal de sua paixão e morte,
manda fazer isso em sua mem
ória. A
Eucaristia que celebramos, portanto, imita o que fez Jesus e obedece ao seu
mandamento. Por isso, o ato e a atitude do agradecer
têm grande valor.
Os textos dos prefácios no Missal Romano
são bastante numerosos; além dos que são próprios de algumas Orações
Eucarísticas e de várias solenidades, temos 64. Basta uma rápida leitura para perceber
o caráter pascal dessas orações e as diferentes nuanças da história da
salvação. Alguns exemplos são suficientes para confirmá-lo.
Na Quaresma a liturgia nos faz orar
assim: “(Pai santo) Vós concedeis aos cristãos esperar com alegria, cada ano, a
festa da Páscoa. De coração purificado, entregues à oração e à prática do amor
fraterno, preparamo-nos para celebrar os mistérios pascais que nos deram vida
nova e nos tornaram filhas e filhos vossos”; nas festas de Maria (II):
“Celebrando a memória da Virgem Maria, proclamamos ainda mais a vossa bondade,
inspirando-nos no mesmo hino de louvor. Na verdade, fizestes grandes coisas por
toda a terra e estendestes a vossa misericórdia a todas as gerações, quando, olhando
a humildade de vossa serva, nos destes, por ela, o salvador da humanidade,
vosso Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso”.
Poderíamos continuar nossa análise com outros
textos. Destaco um aspecto da oração em geral, e peculiar da Eucaristia: o
‘render graças’ a Deus, o Pai, é dimensão central na vida cristã. São Paulo
escreve aos Efésios (1,3-10): “Bendito seja Deus e Pai de nosso Senhor Jesus
Cristo... Ele nos predestinou à adoção como filhos... para o louvor de sua
graça gloriosa”.
Então, que toda Eucaristia se torne momento
de um intenso agradecer e nos ensine a fazermos de nossa vida um verdadeiro e
perene agradecimento ao Pai que tanto nos amou em Cristo: “Ele é o nosso
Salvador e Redentor... Ele, para cumprir a vossa vontade, e reunir um povo
santo em vosso louvor, estendeu os braços na hora da sua paixão, a fim de
vencer e a morte e manifestar a ressurreição”. No mesmo ato de ‘dar graças’ nós
recebemos o dom da salvação: é isso que a celebração da Eucaristia significa e
realiza.
Dom Armando