Salmo
71 (72)
Ef
3,2-3a.5-6
Mt
2,1-12
“Eis que veio o Senhor dos Senhores,
em suas mãos, o poder e a realeza”. (ant. de entrada). Eis, irmãos e irmãs, que
chega para todos os povos a luz maravilhosa e envolvente do Senhor, “porque
nasceu para nós um menino, um filho nos foi dado” (Is 9,5). Na fragilidade do
Jesus-criança, contemplado por nós no presépio, a força soberana do Deus-fiel,
força esta que se manifesta na compaixão e na misericórdia, sobretudo pelos
menores e vulneráveis. É um mistério sublime que nos envolve, não para nos
confundir, mas para fazer resplandecer a verdade que só de Deus nos pode advir.
Este mistério, diz o apóstolo Paulo, não se manifestou às gerações passadas da
mesma maneira que agora, por meio de Jesus Cristo e do seu Evangelho, por meio
do qual os pagãos são chamados a participarem da mesma herança, corpo e
promessa dos eleitos. (2ª leitura). Epifania é festa da universalidade, da
unidade e da comunhão. Na realeza de Jesus Cristo não há barreiras e
separações, mas todos, indistintamente, são chamados à salvação.
Somos hoje convidados a deixarmo-nos
guiar pela estrela do Oriente, como o fizeram os Reis Magos. Estes, ao chegarem
à casa onde se encontrava o menino com sua mãe, prostraram-se diante dele, o
adoraram e lhe ofereceram presentes. Os “Santos Reis”, como popularmente são
conhecidos entre nós, não eram judeus e, portanto não pertenciam ao “povo
escolhido por Deus”. No entanto, acolhem com entusiasmo a novidade que lhes
apontara a estrela. Herodes, por sua vez, também estrangeiro, mas então
governador da Judéia, tem medo do recém-nascido, descendente de Davi, chamado
pelos magos de “rei dos judeus”, ou “Messias”. Jesus era, claramente, uma
ameaça ao seu poder.
As atitudes dos três magos e de
Herodes podem nos servir de reflexão nesta Solenidade da Epifania no que tange
à nossa conduta cristã: Temos medo de Jesus e de sua proposta ou o acolhemos?
Ele é uma ameaça à nossa estabilidade ou impulso que faz arder o nosso coração
no desejo de segui-lo? O fato de sermos batizados na fé cristã muitas vezes não
é determinante em nossas ações. Muitas vezes agimos como se tivéssemos ‘medo’
de nos abandonarmos em Cristo e direcionarmos nossa vida segundo Ele e seu
Evangelho. Pode caracterizar-se como ‘medo’ de Cristo: falta de envolvimento na
comunidade à qual pertencemos, não-disponibilidade em servir aos irmãos,
egoísmo, individualismo, gosto pelo poder, rivalidades, negativismo, desânimo.E
podem ser atitudes de acolhida a Cristo: abertura de coração, acolhida do
diferente, busca dos aspectos positivos que existem nas pessoas, serviço,
generosidade, sentimento de pertença, luta pela justiça e pela união.
O menino de Belém, a quem os Magos
ofereceram ouro, incenso e mirra pede de nós que contemplemos sua simplicidade
e sejamos colaboradores do seu reinado, que não se baseia na opressão e na
exclusão, mas na acolhida, no serviço e no resgate da dignidade de todos os
seres humanos. “Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém! Chegou a sua luz!” (Is
60,1). Esta é a certeza que nos é hoje anunciada pela Sagrada Liturgia. Eis que
chega o nosso Rei. Vamos a Cristo! Deixemo-nos guiar por sua luz que vence as
trevas do pecado. Alegremo-nos por sermos d’Ele!
Weverson Almeida Santos
3º ano de Teologia