DEPOIS DO PAI-NOSSO: o embolismo e a oração pela paz

Logo depois da Oração do Senhor, o Pai-nosso, na celebração da Missa, encontramos duas orações, bem conhecidas: a primeira que começa com as palavras Livrai-nos de todos os males, a outra é a Oração pela paz.
A primeira é chamada de embolismo, palavra de origem grega que pode ser traduzida com inserção, um acréscimo que desenvolve as últimas palavras do Pai-nosso: livrai-nos do mal. Essa oração - escreve a Instrução Geral do Missal Romano (IGMR) - é pronunciada “apenas pelo celebrante principal, de mãos estendidas”.
Os historiadores atribuem a oração ao santo papa Gregório Magno e se encontra já nos livros litúrgicos antigos. “Livrai-nos de todos os males, ó Pai, e dai-nos hoje a vossa paz”. Com esta afirmação se insiste no pedido da libertação do mal – o Maligno - e dos males que ameaçam a vida humana; males que o inimigo arma e podem levar nossa vida ao desânimo, à perdição e à morte.
Como nos pedidos do Pai-nosso já se alude à plenitude do Reino que acontecerá no fim dos tempos, isto é, com a ”vinda do Cristo Salvador”. Eis a necessidade de cultivarmos a ‘esperança’, de vivermos a ‘esperança’. A Assembleia responde com uma frase que se encontra na Didaqué, pequeno livro, muito bonito, do final do I, início do II século; essas palavras em alguns códigos antigos se encontram como conclusão do Pai-nosso. Dessa maneira a oração do Senhor não terminaria com um pedido em negativo (livrai-nos do mal), mas em positivo: ‘Vosso é o reino, o poder e a glória’, “no estilo bendizente dos judeus” (Boróbio).
Segue a Oração pela paz. Durante a última Ceia Jesus disse: “Deixo a vocês a minha paz... não como a dá o mundo”. É o shalom, o grande dom que precisamos pedir com insistência. Não uma paz armada, mas no estilo de Jesus. Paz e unidade são os dois grandes pedidos que a Assembleia faz a Jesus em atitude suplicante e responsável. A paz é, antes de tudo, dom de Deus, mas exige responsabilidade e coerência por parte dos pedintes. O gesto da paz, que segue, para ser autêntico e estar em sintonia com a vontade do Senhor, exige uma grande abertura de espírito.
Uma observação. A Eucaristia educa os cristãos para terem espírito de comunhão. Ninguém vai à missa para orar de maneira individualista, subjetiva. A Eucaristia educa para o ‘nós’- Igreja; isso não diminui a participação pessoal de cada um, mas dilata mentes e corações para colher e acolher o dom de Deus que Cristo nos mereceu e o Espírito continua derramando: paz e perdão para vivermos na unidade, na justiça e na Comunhão, enquanto “aguardamos a vinda do Cristo Salvador”. O dom que recebemos responsabiliza no hoje e alimenta a esperança rumo à sua plenitude.
Dom Armando