Ex 17, 3-7
Sl 94 (95)
Rm 5,1-2.5-8
Jo 4,5-42
As leituras propostas para este
3° domingo da quaresma são de uma riqueza extraordinária para a nossa
espiritualidade cristã, sobretudo nesse tempo propício de preparação para a celebração
do mistério pascal de Cristo.
De um modo geral, podemos
refletir essas leituras como um convite a avaliar a nossa relação, a nossa
aliança com Deus. Trata-se de rever nosso caminho de fé que é construído
cotidianamente com as respostas de fidelidade ou de infidelidade que vamos
dando a Deus e a seu projeto de vida e salvação.
Já o povo de Israel fez essa
experiência. Na primeira leitura, Moisés está com os hebreus no deserto. Após a
experiência da libertação da opressão segue-sea aridez do deserto. Para chegar
à terra onde “corre leite e mel” (Ex 3, 8) é preciso passar pelo deserto.Também
nesse ambiente o povo precisa dar seu assentimento a Deus e torná-lo seu
Senhor.
Mas o povo murmura. Eles
esquecem da ação libertadora de Deus (Ex 14) e de como Ele os alimentou pelo
caminho (Ex 16, 4). Queixam-se de sede e pensam em voltar para o Egito. Ora,
voltar para o Egito é negar a Deus. Voltar à casa da escravidão é colocar como
senhor da sua vida outro ser que não é Deus.
Moisés é, então, aquele que pela
sua intimidade com o Senhor, marcada pelo diálogo e pela oração, conduz o povo
a perceber como Deus é a única fonte que pode saciar a sua sede de libertação,
mostrando que com Deus, se permanecemos fieis a Ele, o ambiente mais árido
(pedra) pode produzir vida (água).
Essa mesma experiência faz a
Samaritana. Ela vai a um poço, mas sempre volta a ter sede e deseja se libertar
dessa sede (Jo 4, 15). Aqui a sede não é de água. Sede é o anseio humano por
algo necessário que lhe falta. A samaritana buscou preencher esse seu anseio em
vários caminhos: diz o evangelista que ela já estava com o sexto marido (6 =
imperfeição). Ela agora, encontrando-se com Jesus Cristo, é convidada a
reconhecer nele a fonte de água viva, a única que pode matar de fato a sua
sede.
Essa samaritana é símbolo de
cada um de nós, é símbolo das nossas comunidades, que tem sede e são chamadas
asaciar-se plenamente na intimidade do encontro com o Senhor. É relevante
também notarmos que a samaritana não apenas faz essa experiência com Jesus como
também convida outros a fazer esse mesmo encontro com a fonte de vida
verdadeira que é Jesus.Isso nos lembra que devemos assumir uma missão.
Encontrar com Jesus nos leva a encontrar com o irmão, levando-o a também
conhecer o caminho para essa fonte de vida. A partir dessa nossa missão, muitos
poderão fazer a experiência do encontro com Cristo e abraçar uma aliança de fé
e amor com a sua pessoa e com o projeto do reino.
Por fim, na segunda leitura, São
Paulo nos exorta que pela nossa fé estamos em paz com Deus (Rm 5, 1), estamos
unidos e em comunhão com o seu amor. Não podemos pensar que Deus se fecha ou se
nega a acolher-nos. Pelo contrário, podemos confiar no amor de Deus. Ele deu a
maior prova possível: entregou a sua vida pelos ímpios! A nossa fé, a nossa
esperança não decepcionam. Precisamos, portanto, cuidar desse “laço” que nos
une a Deus.
Assim, cada um de nós, nessa
quaresma, é convidado a avaliar a sua caminhada de fé: como está a minha
relação (aliança) com Deus:tenho buscado ser fiel a essa fonte de água viva,
mesmo quando parece ser impossível brotar água? Tenho deixado Deus, fonte da
liberdade, ser Senhor da minha vida ou tenho colocado (sentido saudade) dos
ídolos que escravizam?
Busquemos a cada dia revigorar o
nosso encontro com o Senhor. De modo especial, rezemos para que na Páscoa,
possamos viver realmente a experiência do ressuscitado, saciando toda nossa
sede de paz, de amor, de liberdade e de fraternidade.
Sem.
Jandir Silva dos Santos
2º Teologia